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Bielorrússia: ambiente pré-eleições cada vez mais confuso

As autoridades do país prenderam um número não revelado de norte-americanos, sem que tivessem dado nota dos motivos. Há algumas semanas, prenderam três dezenas de russos. A União Europeia teme que as eleições sejam tudo menos democráticas.
6 Agosto 2020, 17h50

As autoridades policiais da Bielorrússia prenderam 33 russos perto de Minsk no início desta semana, acusando-os de planearem “tumultos em massa” não especificados, e esta quinta-feira prenderam um número não determinado de norte-americanos que tentavam entrar no país, sem revelarem os motivos.

O ambiente no país, que realizará eleições presidenciais no próximo domingo, 9 de agosto, está cada vez mais confuso e a União Europeia teme que o ato eleitoral tenha muito pouco de democrático.

Aparentemente, o presidente, Alexander Lukashenko, que tenta conquistar um sexto mandato, está a promover o caos antes do dia das eleições, na tentativa de se apresentar como o homem certo para fazer regressar a calma às ruas. É que é precisamente nas ruas que a oposição tem estado mais ativa: Lukashenko está a enfrentar o maior desafio da sua longa presença à frente do país e tem respondido com a repressão das manifestações da oposição.

Ao mesmo tempo, o presidente tem tentado balancear a sua posição entre o tradicional alinhamento com a Rússia e a tentativa de abrir uma porta para a Europa. Na prática, tem sucedido que Alexander Lukashenko tem manifestado sinais contrários que os analistas afirmam serem difíceis de compreender por parte do eleitorado.

A economia do país está muito dependente da Rússia – que, nomeadamente, paga parte do preço que custa a energia elétrica enviada para a Bielorrússia – mas Alexander Lukashenko passou o último mandato a criticar Moscovo e aquilo que dizia ser a tentativa russa de controlar os pontos essenciais da economia do país.

Foi por isso com alguma surpresa que os analistas viram que Lukashenko regressou ao discurso de amizade com Moscovo. Num discurso sobre o estado da nação, feito esta terça-feira, afirmou que a parceria com os vizinhos russos é histórica: “A Rússia sempre foi e continuará a ser o nosso aliado mais próximo, independentemente de quem assuma o poder na Bielorrússia ou na Rússia”. Recorde-se que a Bielorrússia recebeu em fevereiro o secretário de Estado norte-americano Mike Pompeo, no que na altura pareceu ser uma tentativa de desanuviamento das relações praticamente inexistentes com Washington.

Paralelamente, o poder instituído tem tratado de descartar-se dos mais importantes líderes da oposição. As autoridades detiveram há semanas Viktor Babaryko, o principal rival de Alexander Lukashenko nas presidenciais e acabaram por impedir a sua candidatura por alegada fraude fiscal. Em maio, as autoridades já haviam detido Sergei Tikhanovsky, um dos rostos da oposição, que foi também impedido de participar nas eleições.

No poder há 26 anos, Lukashenko tenta assim assegurar a presidência de um país com cerca de 9,5 milhões de habitantes e que os críticos afirmam ser uma espécie de sucursal da Rússia. Aos 65 anos,  Lukashenko vai enfrentar esta domino Anna Kanopackaja (advogada e ex-parlamentar), Sergeij Cherechnia (presidente do Partido Social Democrata da Bielorrússia), Andreij Dmitrijev (presidente do movimento Falar Verdade) e Svetlana Tikhanovskaya (mulher Sergei Tikhanovsky) – de onde pode vir a maior surpresa das eleições de domingo.

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