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Brexit: trabalhistas exigem demissão de Boris Johnson

Como se não bastasse toda a confusão política em que o Reino Unido está soterrado, acresce agora, depois da decisão do Supremo Tribunal, o pedido de marcação de eleições imediatas.
25 Setembro 2019, 07h44

A já esperada decisão do Supremo Tribunal britânico em declarar ilegal a suspensão do Parlamento veio despoletar uma série de consequências que só vêm acrescentar mais confusão a uma situação política que, pelo menos do ponto de vista da União Europeia, não tem qualquer tipo de compreensão possível.

A decisão judiciária levou a que o líder da oposição, Jeremy Corbyn exigisse que o primeiro-ministro Boris Johnson apresentasse de imediato a sua resignação e marcasse eleições antecipadas – resolvendo de uma vez as questões de representatividade de um cargo para o qual o líder do executivo foi eleito por menos de 100 mil britânicos.

Mas, para já, Johnson promete continuar a sua luta por manter os parlamentares em casa até pelo menos 31 de outubro, data final para o Brexit (em que já ninguém acredita) – tal como já tinha sido anunciado (pelo menos nas entrelinhas) pelos advogados contratados pelo governo para expor as suas razões ao Supremo Tribunal.

Ao longo da semana passada, a imprensa britânica noticiava com abundância que Johnson iria fazer tudo para não cumprir, ou ao menos atrasar até ao limite possível da legalidade, a convocação dos parlamentares colocados no descanso dos seus lares.

Mas, como também já é público, o ‘speaker’ da Câmara dos Comuns, John Bercow – que por estes dias é um dos principais entraves à estratégia de Johnson, apesar de ambos serem do mesmo partido – prepara-se para hoje mesmo presidir ao reinício dos trabalhos.

Entretanto, Corbyn ‘atira’ para cima de Johnson toda a ‘artilharia’ que tem à disposição: ontem, chamou-o racista ao recordar o episódios das burcas: “intervenções internacionais perigosas e mal direcionadas exacerbaram as tensões. Quando Boris Johnson comparou mulheres muçulmanas a caixas de correio ou ladrões de banco, não foi um comentário irreverente, foi calculado para brincar com os medos das pessoas. Demonstrações de racismo, islamofobia ou anti-semitismo não são sinais de força, mas de fraqueza”.

E acusou o primeiro-ministro de querer colocar o Reino Unido na senda de uma guerra que não diz respeito ao país (talvez Corbyn não se recorde da forma como o Reino Unido abandonou o Médio Oriente a seguir à II Guerra Mundial): “Johnson fala sobre o envio de tropas para a Arábia Saudita para o confronto cada vez mais perigoso entre os sauditas e o Irão, numa aparente tentativa de apaziguar Donald Trump. Não aprendemos nada?”

Jeremy Corbyn afirma que desta vez tem o partido unido em seu torno no pedido de demissão do primeiro-ministro e da organização de novas eleições. Mas também aqui Johnson poderá fazer várias coisas – pelo menos para impedir que as eleições sejam marcadas antes de 31 de outubro, o que não lhe será com certeza difícil.

Uma coisa parece certa: nas poucas semanas que leva como primeiro-ministro, Boris Johnson ainda não resolveu nenhum dos problemas que herdou do último governo de Theresa May, mas já conseguiu acrescentar-lhes um bom número de outros.

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