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Candidato europeu da Esquerda quer travar extrema-direita na UE com apoio à habitação

Segundo o candidato, entre as medidas está também a imposição de limites às rendas e a criação de um fundo europeu que ajude autarquias e cooperativas a criar habitação.
19 Março 2024, 07h43

O ‘Spitzenkandidat’ (candidato principal) do Partido da Esquerda Europeia à Comissão Europeia quer travar a ascensão da extrema-direita na União Europeia (UE) com “política social forte” e habitação acessível, referindo-se a Portugal como um “caso excecional” deste problema.

“Em primeiro lugar, quero dizer que lutar contra a extrema-direita é uma obrigação moral e cultural e não pode haver compromissos com a agenda do ódio, do antissemitismo, de fazer dos migrantes bodes expiatórios, […] mas em segundo lugar […] esta luta requer uma política social forte, requer o respeito pelos interesses sociais das classes trabalhadoras, requer libertar a geração jovem da ameaça da precariedade e requer garantir o acesso a uma habitação digna e a preços acessíveis”, afirma Walter Baier.

Em entrevista à Lusa e a outras agências europeias, no âmbito do projeto Redação Europeia (European Newsroom), em Bruxelas, o candidato principal da Esquerda Europeia refere-se a Portugal como um “caso excecional” do problema da habitação, nomeadamente para os mais jovens.

“No nosso manifesto, temos várias exigências no que toca à crise da habitação, começando por consagrar o direito a uma habitação decente e acessível” para que “a habitação adequada seja um direito fundamental no direito primário da União Europeia”, argumenta Walter Baier, em resposta à Lusa.

Segundo o candidato, entre as medidas está também a imposição de limites às rendas e a criação de um fundo europeu que ajude autarquias e cooperativas a criar habitação.

“Gostaríamos que a União Europeia investisse no sector da habitação e somos a favor de uma regulamentação rigorosa e rígida das [atividades das] plataformas tipo Airbnb”, elenca.

Numa alusão a Portugal, Walter Baier reforça: “O meu apelo à geração jovem é que, se quiserem votar numa força que leve a vossa voz a sério, votem no partido que o faz, por exemplo, o Bloco de Esquerda”.

No manifesto do Partido da Esquerda Europeia, são defendidas medidas como a inscrição “no direito primário da União Europeia do direito a uma habitação condigna e a preços acessíveis”, bem como a criação de “planos de investimento nacionais e europeus para a habitação pública” e social.

No que toca ao arrendamento, o partido propõe a criação de uma diretiva comunitária “que obrigue os Estados-membros a introduzir limites legais para as rendas e a proibir os arrendamentos a prazo e os despejos forçados de residências primárias” e ainda a isenção do “financiamento da habitação pública das regras do mercado interno e da concorrência”, para que os países possam avançar com mais ajudas ao setor.

Na entrevista à Lusa e a 23 outras agências europeias, Baier disse ainda que as propostas do partido se centram nos “interesses sociais e económicos e ecológicos das populações europeias”, revelando que irá deslocar-se a cerca de 10 Estados-membros da União Europeia para fazer campanha, entre os quais Portugal em abril.

Walter Baier, de 70 anos, foi escolhido, no final de fevereiro, como ‘Spitzenkandidat’ do Partido da Esquerda Europeia para as eleições para o Parlamento Europeu, que decorrem entre 06 a 09 de junho.

Doutorado em Economia pela Universidade de Viena e membro do Partido Comunista da Áustria, Walter Baier é presidente do Partido da Esquerda Europeia desde dezembro de 2022.

A figura dos candidatos principais – no termo alemão ‘Spitzenkandidat’ – surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão Europeia.

De seguida, em 2019, tentou-se aplicar novamente este modelo, mas por desacordo entre os grupos políticos estes candidatos principais não ocuparam os altos cargos europeus.

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