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Centeno a favor do prolongamento das compras de emergência do BCE

Para o Governador do Banco de Portugal, “a previsibilidade na adoção das medidas de política monetária é um ativo importante e será sempre preservado”, defendeu em declarações à Lusa.
  • Cristina Bernardo
16 Fevereiro 2021, 16h26

O Governador do Banco de Portugal defende que “a previsibilidade na adoção das medidas de política monetária é um ativo importante e será sempre preservado”.

Mário Centeno, considera que as últimas medidas tomadas pelo Banco Central Europeu são totalmente adequadas e que os programas de compras de emergência devem prolongar-se por mais um ano, como foi decidido.

“Os últimos dados conhecidos sustentam a total adequação das últimas medidas do BCE, decididas em dezembro de 2020. As decisões tomadas em dezembro de 2020 têm um horizonte de implementação longo, ultrapassando 2021 e no caso dos Programas Compras de Emergência prolongando-se até março de 2022, com montantes reforçados e com a mesma flexibilidade operacional”, afirmou Mário Centeno à Lusa.

Para o Governador do Banco de Portugal, “a previsibilidade na adoção das medidas de política monetária é um ativo importante e será sempre preservado”.

O comentário de Mário Centeno surgiu depois de declarações do Governador do Banco Central Alemão, Jens Weidmann, que numa entrevista ao jornal “Augsburger Allgemeine”, disse que “a política monetária apertará as rédeas se as perspetivas de preços assim o exigirem”, quando questionado sobre a possibilidade de o BCE poder travar a atual política monetária expansionista.

O alemão advertiu, contudo, que “se as taxas de inflação subirem na zona euro, estaremos de novo a discutir a direção fundamental da política monetária”. “Neste momento, porém, o foco [da política monetária] está no combate às consequências da pandemia”, razão pela qual “a política monetária se tornou, mais uma vez, mais expansionista”, declarou ainda Jens Weidmann.

A presidente do BCE, Christine Lagarde, foi perentória, ao garantir, em Davos, que o BCE está disposto a continuar a comprar dívida, mas também a não utilizar integralmente a dotação do programa “se as condições de financiamento se mantiverem favoráveis”.

Para Mário Centeno, “o BCE acompanha a evolução dos preços e da atividade económica na área do euro com toda a atenção e profundidade, adotando medidas de política monetária quando a análise desses dados e da situação económica o justifica”. E reafirma: “Sublinhe-se que as medidas de política monetária são adotadas para o conjunto da área do euro e não tendo em consideração somente um país”.

A entrevista do homólogo alemão de Centeno tem relevância na medida em que admite que a taxa de inflação na Alemanha até ao final de 2021 “deverá estar acima dos 3%”, mas que “isso será apenas temporário”, embora considere que “a taxa de inflação não permanecerá tão baixa como no ano passado durante muito tempo”.

O BCE está a realizar uma revisão da sua estratégia de há longos anos, abordando nomeadamente a questão das prioridades. O objetivo atual é manter a inflação num valor abaixo, mais perto, de 2%, e só depois surge a contribuição para o crescimento económico e a sustentabilidade.

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