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Christine Lagarde: “Os que mais sofrerão com uma guerra comercial serão os pobres”

Os pobres serão quem mais sofrerá com uma guerra comercial, disse a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, reagindo ao anúncio de Washington de suspender a isenção de taxas na importação do aço e alumínio da União Europeia, México e Canadá.
31 Maio 2018, 20h19

Os pobres serão quem mais sofrerá com uma guerra comercial, disse a diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), reagindo ao anúncio de Washington de suspender a isenção de taxas na importação do aço e alumínio da União Europeia (UE), México e Canadá.

“No final, se o comércio global foi muito prejudicado, se o nível de confiança entre os agentes económicos foi drasticamente reduzido, os que mais sofrerão serão os mais pobres”, disse Christine Lagarde no primeiro dia da reunião do ‘G7 Finance’ em Whistler, Canadá, explicando que são os mais pobres que compram bens de consumo baratos.

Também o secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico), Angel Gurria, reagiu à decisão dos Estados Unidos da América (EUA) defendendo a “salvaguarda do multilateralismo”.

“Estamos num momento crítico não apenas para o futuro do multilateralismo, mas também para o planeta”, disse o secretário-geral no final da reunião anual da OCDE. “Devemos salvar o multilateralismo porque este é o único caminho a seguir”, advertiu.

Alemanha e França estão entre as primeiras vozes europeias que reagiram à decisão norte-americana, hoje divulgada, de suspender a isenção de taxas na importação de aço e de alumínio da União Europeia, qualificando a medida como “ilegal” e “injustificável”.

A chanceler alemã, Angela Merkel, que hoje terminou uma visita de dois dias a Portugal, considerou “ilegais” as taxas aduaneiras sobre o aço e o alumínio decididas pela administração norte-americana liderada pelo Presidente Donald Trump, advertindo ainda para o risco de uma escalada.

Do lado de Paris, o secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Baptiste Lemoyne, qualificou as taxas norte-americanas como “injustificáveis e insustentáveis” e pediu a Bruxelas para responder com medidas preventivas e de “reequilíbrio”.

Também o Reino Unido reagiu e declarou estar “profundamente dececionado” com a decisão norte-americana.

“O Reino Unido e outros países da União Europeia [UE] são aliados próximos dos Estados Unidos e deviam estar total e permanentemente isentos das medidas norte-americanas sobre o aço e o alumínio”, disse o porta-voz do Governo britânico.

O presidente do Parlamento Europeu, o italiano Antonio Tajani, manifestou-se “dececionado”, referindo que a UE vai responder com “todas as ferramentas” à sua disposição.

“Apoiamos os nossos trabalhadores e a indústria europeia e vamos responder com todas as ferramentas disponíveis para defender os nossos interesses”, escreveu Tajani, numa mensagem na rede social Twitter.

Antes, a UE já tinha anunciado que vai denunciar perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) a decisão norte-americana de suspender a isenção dos direitos de importação de aço e alumínio, garantindo igualmente de que irá responder de forma “proporcional”.

“Os Estados Unidos não nos deixam agora outra escolha que não seja a de recorrer à resolução de litígios da OMC e à imposição de tarifas adicionais sobre diversas importações dos EUA. Vamos defender os interesses da União em total cumprimento da lei comercial internacional”, declarou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.

O Departamento do Comércio norte-americano anunciou hoje a suspensão da isenção dos direitos de importação de aço e alumínio da UE, Canadá e México, numa decisão que dispara as tensões comerciais e provocará represálias dos parceiros.

“Decidimos não estender a exceção para a União Europeia, Canadá e México, pelo que estarão sujeitos a tarifas de 25% e 10%” na importação de aço e alumínio”, respetivamente, indicou o secretário do Comércio dos EUA, Wilbur Ross.

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