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Cofina/Media Capital: Mário Ferreira diz-se “surpreendido” com insucesso da operação e garante ter entrado com todo o capital pedido

Empresário tinha acordado entrar com 20 milhões de euros no aumento de capital da Cofina. Além de Mário Ferreira, aumento de capital deveria ter sido subscrito pelos atuais acionistas da Cofina. Caso a operação tivesse chegado a bom porto, o dono da Douro Azul tornar-se-ia no segundo maior acionista da Cofina, ficando com 15% da empresa.
11 Março 2020, 14h09

O empresário Mário Ferreira, que tinha sido convidado a integrar o sindicato de investidores que deveria garantir o sucesso do aumento de capital da Cofina, criando condições para a aquisição da Media Capital, manifestou esta quarta-feira “grande surpresa” com o insucesso da operação. Numa nota oficial enviada por escrito ao Jornal Económico, o empresário garantiu ainda ter cumprido os compromissos que assumiu com a empresa liderada por Paulo Fernandes.

“Da minha parte cumpri com aquilo a que me comprometi, subscrevi todo o montante do capital que me pediram e me facultaram para subscrever”, salientou Mário Ferreira.

O empresário, que entrou no aumento de capital através da Pluris Investments, tinha acordado entrar com 20 milhões de euros. Além de Mário Ferreira, aumento de capital deveria ter sido subscrito pelos atuais acionistas da Cofina. Caso o aumento de capital tivesse chegado a bom porto, o dono da Douro Azul tornar-se-ia no segundo maior acionista da Cofina, ficando com 15% da dona do Correio da Manhã.

O empresário parceiro da Cofina na compra da Media Capital, assegurou, ainda, não ter “sido consultado” antes da decisão de cancelamento da operação, lembrando que só entrou no negócio porque foi “convidado pelo engenheiro Paulo Fernandes [presidente executivo da Cofina]”.

Mas a Cofina anunciou esta quarta-feira que não conseguiu concluir o aumento de capital de 85 milhões, invocando a deterioração das condições de mercado, e toda a operação que culminaria na compra da dona da TVI ficou sem efeito. O insucesso do aumento de capital era uma condição suspensiva de todo o processo de aquisição para a Cofina.

Com o insucesso do aumento de capital, a Cofina, dona ainda de títulos como o Record e a revista Sábado, desistiu de comprar a TVI. A operação de oferta pública que permitiria o aumento de capital da Cofina no montante de 85 milhões de euros (de 25,6 milhões para 110,6 milhões de euros) para financiamento da compra da TVI terminava esta quarta-feira.

O grupo de Paulo Fernandes justificou o falhanço com a “deterioração das condições de mercado” e por não ter “sido verificada a condição de subscrição integral do aumento de capital”.

A oferta em causa abrangia a subscrição reservada a acionistas no exercício do direito de preferência e demais investidores que adquiram direitos de subscrição, através da emissão de 188.888.889 novas ações ordinárias, escriturais e nominativas, sem valor nominal. O preço de subscrição tinha sido fixado em 0,45 euros por cada nova ação, que correspondia ao respetivo valor de emissão.

O aumento de capital até 85 milhões de euros para financiar a compra da TVI tinha sido aprovada em 29 de janeiro pelos acionistas da Cofina.Na mesma altura, os acionistas da Prisa aprovaram a venda da Vertix, veículo que detém a maioria da Media Capital, à Cofina, em assembleia-geral extraordinária, em Madrid.

Isto depois de, em 30 de dezembro, a Autoridade da Concorrência (AdC) ter anunciado a sua não oposição à compra da Media Capital pela Cofina, que era uma das condições da dona do Correio da Manhã para o sucesso da oferta.

No anúncio preliminar de lançamento da oferta pública de aquisição (OPA), a Cofina fez depender o sucesso da operação de um conjunto de condições prévias, entre as quais a não oposição por parte da AdC, a autorização da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), a aprovação, pela assembleia-geral da espanhola Prisa, da transação, bem como a aprovação e execução de um ou mais aumentos de capital social da dona do Correio da Manhã para financiar a compra da Media Capital.

Com a inviabilidade do negócio Cofina/Media Capital, contam-se já duas tentativas frustradas da Prisa em vender a dona da TVI. Em 2018, a AdC já tinha vetado a venda da Media Capital à Altice por 440 milhões de euros. Agora, foi inviabilizada uma operação de aquisição que fixava o enterprise value da Media Capital em 205 milhões de euros [aos 123 milhões acordados somam-se a dívida da Media Capital que Cofina concordou assumir].

O grupo Cofina detém, além do Correio da Manhã e do Record, a CM TV, o Jornal de Negócios, a revista Sábado, entre outros títulos.

Por sua vez, a Media Capital conta com seis canais de televisão e a plataforma digital TVI Player. Além da TVI, canal generalista em sinal aberto, conta com a TVI24, TVI Reality, TVI Ficção, TVI Internacional e TVI África.

 

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