A manifestação nacional inspirada no movimento em França está agendada para esta sexta-feira 21 de dezembro e promete parar o país. A preparação dos protestos que estão a ser organizados através das redes sociais, nomeadamente em páginas no Facebook, está a ser acompanhada atentamente pelas forças policiais. A Guarda Nacional Republicana (GNR) tem vindo a recolher informações no terreno e através das redes sociais e assegura que o dispositivo da guarda já está reforçado na época natalícia. A Polícia de Segurança Pública (PSP) apela ao respeito pela lei e manifestação pacífica, tendo já, preventivamente, dado ordem aos comandos para suspender as folgas de todos os polícias no dia 21.
“A GNR tem vindo a recolher informações no terreno e a monitorizar as redes sociais sobre as manifestações “Vamos Parar Portugal”, avançou ao Jornal Económico o porta-voz da GNR, Hélder Barros, acrescentando que “em função da evolução dos protestos, adoptará o dispositivo adequado”. Ainda assim reforça: devido à época das festas natalícias e de fim de ano, está em curso a ‘Operação Comércio Seguro’ e tem início no dia 21 a ‘Operação Natal Tranquilo’, o que significa que a GNR terá meios reforçados na rua na próxima sexta-feira para fazer face a alguma situação de incumprimento da lei”.
O porta-voz lembrou que desde as primeiras notícias sobre o movimento conhecido por ‘coletes amarelos’ em França, a GNR “tem vindo a recolher informações no terreno e através das redes sociais no sentido de adotar o dispositivo adequado, caso seja necessário”.
Também a PSP já avançou, no início desta semana, que está a acompanhar o processo através de recolha de informação no terreno, pelas redes sociais e com os promotores das iniciativas para ter pessoal operacional caso seja necessário. E deu mesmo conta que a direção da PSP informou os comandos para suspender as folgas de todos os polícias no dia 21, data anunciada para o protesto dos “coletes amarelos”.
“Vamos ter manifestações de grande dimensão em todo o país e mandam as regras do bom senso ter pessoal operacional”, justificou o porta-voz da PSP, intendente Alexandre Coimbra, sublinhando que a preocupação se prende com a dimensão do evento, cujos protestos foram marcados para sexta-feira em várias cidades do país por grupos de cidadãos, inspirados no movimento “coletes amarelos” em França, que se manifestaram contra o elevado custo de vida, e que já originaram violentos confrontos entre manifestantes e polícia.
Também o Presidente da República disse recentemente acreditar que as manifestações agendadas para esta sexta-feira vão ser pacíficas, recordando que os cidadãos também podem manifestar o seu agrado ou desagrado nas legislativas de 2019.
O Movimento Coletes Amarelos Portugal – que reuniu mais de 10 mil pessoas, em apenas duas semanas – já sinalizou na sua página do Facebook que a sua principal intenção é dar voz aos portugueses de formas organizada e que não tolera “qualquer tipo de violência, vandalismo ou danos”.
No manifesto que consta nesta rede social, este Movimento apresenta as suas reivindicações que vão desde a redução de impostos, passando pelo aumento do salário mínimo em 120 euros e do subsídio de desemprego, passando pelo corte nas reformas milionárias e a fixara reforma para os políticos aos 66 anos, até outras medidas como o combate à corrupção e o aumento da pensão mínima para 500 euros.
Menos impostos e aumento do salário mínimo para 700 euros
No topo da lista das reivindicações está a redução de impostos, nomeadamente o fim do adicional do imposto sobre produtos petrolíferos e a redução para metade do IVA sobre combustíveis e gás natural. Em matéria fiscal, exigem ainda a redução do IVA/IRC e concessão de incentivos, fiscais e outros, para as micro e pequenas empresas poderem pagar, com a correspondente taxação às grandes empresas e multinacionais, com base na sua margem de lucro. E também a redução das taxas sobre a eletricidade, com incidência sobre as taxas de áudio-visual e de emissão de dióxido de carbono;
O Movimento Coletes Amarelos Portugal, que se afirma como “a voz de insatisfação” que tem “presenciado e vivido há anos” no país, reivindica ainda o aumento do salário mínimo nacional (SMN) para 700 euros – que actualmente está em 580 euros e, em 2019, aumentará para 600 euros. Para o aumento de 120 euros do SMN , este Movimento sugere o corte das pensões acima de dois mil euros.
Pretendem ainda o aumento imediato do subsídio de desemprego, cujo valor máximo é actualmente de 1.072,25 euros, bem como do seu período de duração/vigência. E também aqui sugere como o Governo deve aplicar esta medida: “bastando, para o efeito, proceder ao corte nas pensões milionárias acima de 5.000 euros, que, obviamente, representam uma carga enorme para o contribuinte”.
No manifesto que consta nesta rede social, este Movimento apresenta o rascunho do seu manifesto, onde se apresenta como “pacífico”, “apartidário” e de “união e apoio a todos os grupos e indivíduos vulgo ‘colete amarelo’ que estejam insatisfeitos com os variados problemas da atualidade no nosso país, e que se encontram, dispostos a protestar até que os mesmo sejam resolvidos”.
O objetivo era paralisar a A8, mas as mais de dez mil confirmações no grupo e a viralização das redes sociais, prometem fazer alastrar o fenómeno a todo o país (ver mapa).
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