[weglot_switcher]

Com países divididos sobre resposta comum à crise, Eurogrupo apresenta hoje propostas “concretas”

A reunião em formato alargado arranca às 14 horas de Lisboa, com o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, a precisar de forjar entendimentos entre os países do Norte e do Sul da Europa sobre quais os mecanismos a ativar como resposta económica e social à atual crise provocada pelo novo coronavírus.
  • Cristina Bernardo
7 Abril 2020, 08h17

Em clima de alta tensão, duas semanas foi o tempo que a Conselho Europeu deu ao Eurogrupo para apresentar propostas concretas no âmbito da resposta económica e social à pandemia da Covid-19 e as atenções dos decisores europeus estão centradas esta terça-feira no resultado da videoconferência entre os ministros das finanças dos 27 Estados-Membros.

A reunião em formato alargado arranca às 14 horas de Lisboa, com o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, a precisar de forjar entendimentos entre os países do Norte e do Sul sobre quais os mecanismos a ativar como resposta à atual crise. Entre os principais pontos de discussão estão o financiamento através do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o financiamento através do Banco Europeu do Investimento e a proposta “Sure” da Comissão Europeia, com a possibilidade da emissão de dívida comum europeia a perder terreno, devido à resistência de países como a Alemanha e a Holanda e de alguns dirigentes europeus.

Horas antes do encontro, o apelo para um acordo político foi mais uma vez feito pelos representantes das principais instituições europeias. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, e Mário Centeno, reuniram esta segunda-feira e, no final do encontro, apesar de assinalarem o trabalho técnico “intensivo” realizado nos últimos dez dias, assinalaram: “Apelamos a todos os membros do Eurogrupo para que analisem todos os instrumentos possíveis de uma forma engenhosa e construtiva”.

“Há muito espaço para a solidariedade entre os instrumentos e instituições existentes. Temos que explorar totalmente essas ferramentas e permanecer abertos a fazer mais. Um forte pacote está a ser construído. O nosso objetivo é claro: iremos proteger os cidadãos europeus e as empresas do impacto económico da pandemia”, frisam num comunicado conjunto.

Numa entrevista a cinco órgãos de comunicação internacional, no sábado, Mário Centeno reiterou a intenção do Eurogrupo de propor um pacote “o mais integral possível” para defender a zona euro e a União Europeia, assente em “três redes de segurança para a dívida soberana, para as empresas e para os trabalhadores”.

Os ministros das Finanças têm estado a trabalhar na proposta de uma linha de crédito aberta a todos os países até 240 mil milhões de euros, uma garantia pan-europeia do Banco Europeu de Investimento de até 200 mil milhões de euros dirigida às pequenas e médias empresas no valor máximo de 200 mil milhões de euros e a avaliar a proposta da Comissão Europeia, apresentada na quinta-feira, com a atribuição de 100 mil milhões de euros para apoiar os sistemas de proteção de emprego.

A possibilidade de uma nova linha de financiamento rápido através do MEE, divulgada pelo El País, também poderá estar em debate, já que o ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou esta segunda-feira que o Eurogrupo está a ponderar avançar com esta linha destinada a Espanha, segundo a agência Lusa.

De acordo com o ministro alemão a linha poderá chegar a “uns 28 mil milhões de euros” para ajudar no combate à Covid-19 e não está condicionado a “comissários” ou “troikas”, explicou em alusão ao processo utilizado nos empréstimos durante a crise das dívidas soberanas.

“Depois desta crise, os níveis de dívida irão aumentar. É um choque simétrico, único, mas não se deve tornar um ponto de fragmentação. Uma forma de lidar com isso é através da emissão de dívida comum, temporária e direcionada para esta crise, como alguns propõe. Este é um debate que precisamos de ter”, salientou Mário Centeno, no Twitter, no sábado.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.