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Conservadores alinham posições contra Theresa May

Antigo ministro David Davis arrasa mas não deixa claro que se junta aos críticos conservadores que querem uma moção de censura contra a primeira-ministra. Entretanto, Michael Gove pode ser o próximo ministro do Brexit.
  • David Davis
16 Novembro 2018, 08h52

Ainda só se passaram algumas horas desde que a primeira-ministra Theresa May apresentou o seu plano de acordo com a União Europeia para o Brexit, mas a noite parece ter sido de facas longas no Reino Unido, com os mais severos apoiantes de uma saída dura a alinhar posições contra a chefe do governo.

Com o esboço de uma moção de censura em andamento – ou, pelo menos, na ‘casa de partida’ – em sede da Câmara dos Comuns, os elementos mais destacados do Partido Conservador que consideram o acordo conseguido por Theresa May uma aberração estão a convergir para uma ideia central: a primeira-ministra tem de ser substituída por alguém da linha dura do partido. E, neste caso, ‘linha dura’ quer dizer alguém que não aceite qualquer imposição da vontade da União Europeia sobre aquilo que os ‘brexiters’ consideram ser os interesses do Reino Unido.

A questão de fundo é: se os britânicos votaram pela saída, essa saída será feita da forma que os britânicos quiserem que ela seja feita e não sob as regras de quem é abandonado. Considerando que o texto do acordo coloca o Reino Unido numa posição de absoluta subserviência face aos interesses comuns dos países continentais, os conservadores da linha dura querem eleger um primeiro-ministro que vá a Bruxelas dizer uma coisa simples: face ao acordo, o país prefere um não-acordo.

Claro que, como seria de esperar, a questão da moção de censura está a surgir como uma espécie de tabu: vários conservadores abstiveram-se, nas suas declarações ao início da noite de ontem, de admitir que querem avançar para aquela solução, mas há quem não se importe de invocar o interesse nacional para afirmar o seu apoio à estratégia de substituição da chefe do governo.

Dadiv Davis, antigo ministro para o Brexit, faz parte do primeiro grupo. Entrevistado pela “BBC” em Washington, não perdeu a oportunidade de ‘desfazer’ o acordo que a primeira-ministra trouxe de Bruxelas – dizendo que a sua demissão provava a sua incapacidade para o aceitar – mas, alegando não estar a pisar solo britânico, escusou-se a dizer se apoiava ou não o ‘impeachment’ de Theresa May.

O acordo, “realmente não atende às aspirações das pessoas, não é o que elas votaram, não cabe nos requisitos do manifesto conservador”, disse, para afirmar que esta política “vai ser rejeitada pela Câmara dos Comuns, e então temos que propor uma alternativa. Todos nós temos que aceitar a decisão da Câmara dos Comuns. Quando rejeitarem o acordo, e os Comuns vão rejeitá-lo, temos que voltar para renegociar. Queremos um acordo que nos dê de volta o controlo do nosso país e o acordo proposto não faz isso”. Mas disse que “não vou criticar a primeira-ministra sentado em uma sala em Washington”.

Entre muitos outros, John Whittingdale , ex-secretário de Estado da Cultura, está do outro lado: confirmou também à “BBC” que enviou uma carta de desconfiança em Theresa May para o presidente do Comité 1922, Graham Brady, solicitando uma votação sobre a líder dos conservadores.

Entretanto, Theresa May desdobra-se na defesa do ‘seu’ acordo. Há poucos minutos, este em direto, a partir das 8h00, na rádio “LBC”, a responder a perguntas dos ouvintes. Do que disse ficou claro que os britânicos conseguiram engendrar mais um tabu: quem será o próximo ministro do Brexit? A aposta vão para Michael Gove, um conservador moderado que já foi ministro da Educação e da Justiça. Este será por certo o tema a marcar esta sexta-feira.

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