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Crescimento da economia portuguesa deve abrandar para 1,7% em 2019, diz Edmond de Rothschild

O grupo suiço vê a desaceleração das economias da zona euro como principal causa do abrandamento em Portugal. Alertou ainda que o endividamento permanece elevado e poderá representar um risco no caso de uma desaceleração excessivamente abrupta na atividade económica”.
  • Peter Nicholls/Reuters
12 Dezembro 2018, 07h40

A expansão da economia portuguesa deverá abrandar para 1,7% em 2019, abaixo dos 2,2% previstos pelo Governo, segundo o grupo suiço Edmond de Rothschild, que atribui a travagem à desaceleração da atividade nas economias da zona euro, que são as principais parceiras comerciais de Portugal.

“Enquanto Portugal tem  beneficiado de uma melhoria significativa na competitividade ao nível dos preços (devido a uma queda nos custos do trabalho) e de uma subida para segmentos mais upmarket (especialmente no setor têxtil), estes esforços não devem ser suficientes para compensar a desaceleração da atividade nos principais parceiros comerciais”, explicou o grupo baseado em Genebra, numa nota de research publicada esta terça-feira.

A Edmond de Rothschild – que é especializada na atividade do private banking e da gestão de ativos, mas também opera no corporate finance, private equity e admininistração de fundos – recordou que 25,2% das exportações portuguesas são para Espanha,  12,5% para França, 11,4% para a Alemanha e 6,6% para o Reino Unido.

“Devido à dependência da economia portuguesa no setor exportador, que representou 46% do Produto Interno Bruto em 2017, prevemos que o crescimento abrande para 1,7% em 2019 e 1,5% em 2020”.

No Orçamento do Estado para 2019, o Governo inscreveu a meta de crescimento para o próximo ano nos 2,2%, uma quebra ligeira face aos 2,3% que estima para 2018. Várias instituições internacionais têm previsões que ficam abaixo da do Governo – o Fundo Monetário Internacional antecipa uma expansão de 1,9%, enquanto a Comissão Europeia prevê uma de 1,8%.

As agências de rating têm divulgado visões ainda mais pessimistas. A Fitch, por exemplo, no final do mês passado anunciou que espera que o PIB português cresça 1,5% e sublinhou que a diminuição do contributo do setor privado e da procura externa deverão provocar o abrandamento.

A Edmond de Rothschild recordou que a desaceleração da economia portuguesa começou no primeiro semestre de 2018, também devido a menor pujança das exportações, e salientou ainda que “a inflação tem tido impacto no poder de compra real, contribuindo para um aumento do consumo no setor privado”.

Segundo o grupo suiço, desde de ter tomado posse em 2015, o Governo tem aproveitado as condições económicas e financeiras favoráveis para acelerar o crescimento, reduzir o défice público e a taxa de desemprego.

Alertou, no entanto, que a desaceleração contínua do crescimento económico na zona euro irá contribuir para fundamentais menos favoráveis, “enquanto o endividamento do setor privado e do público permanece elevado e poderá representar um risco no caso de uma desaceleração excessivamente abrupta na atividade económica”.

 

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