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CSM “chumba” diploma do Chega por prever “verdadeira pena de trabalhos forçados” a incendiários

Parecer sobre projeto de lei para alterar Código Penal no artigo dedicado ao crime de incêndio florestal faz reparo a substituição de indemnização por trabalho comunitário na reflorestação das áreas ardidas. André Ventura garante que não irá alterar diploma nesse ponto.
20 Maio 2020, 15h08

Um parecer do Conselho Superior de Magistratura (CSM) enviado ao presidente da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Marques Guedes, coloca vários entraves a um projeto de lei do Chega que visa alterar o Código Penal para agravar as molduras penais no crime de incêndio florestal, chegando a considerar que a possibilidade de substituir a indemnização a pagar ao Estado ou particulares pela imposição de trabalho comunitário contraria a Constituição da República Portuguesa e a Convenção Europeia dos Direitos do Homem.

Na conclusão do parecer, que foi apresentada na reunião da comissão parlamentar desta quarta-feira, é considerado, entre outros reparos, que o projeto de lei do deputado único André Ventura, “ao prever a aplicação obrigatória ao condenado da prestação de trabalho, sem quaisquer contrapartidas e sem necessidade de consentimento do mesmo, corresponde a uma verdadeira pena de trabalhos forçados”.

Apesar de o deputado do Chega admitir que pode fazer algumas reformulações que vão ao encontro de outras indicações apontadas pelo CSM, nomeadamente no que diz respeito ao princípio da proporcionalidade e da redução do intervalo entre pena máxima e mínima a aplicar no crime de incêndio florestal, Ventura garantiu ao Jornal Económico que não vai alterar o que considera ser o essencial do projeto de lei, que assenta na possibilidade de substituir a indemnização a pagar por trabalho comunitário na reflorestação das áreas ardidas.

“É imperioso que assim seja, pois de outra forma os incendiários continuarão a praticar o seu crime, o que resultará na diminuição brutal do espaço florestal em Portugal, na libertação de quantidades preocupantes de dióxido de carbono para a atmosfera e, sobretudo, no risco que tais incêndios representam para a vida dos cidadãos, em especial dos bombeiros”, defende o deputado único do Chega.

 

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