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Dia de grande tensão em Londres ainda longe do fim

Entre rumores de demissões, conferências de imprensa marcadas e desmarcadas e manifestações pró e contra o Brexit, Theresa May, reunida há cinco horas com o seu governo, ainda não conseguiu qualquer consenso sobre a proposta de saída da União Europeia.
14 Novembro 2018, 18h42

O dia que a primeira-ministra britânica Theresa May escolheu para dar a conhecer ao seu gabinete o teor do acordo alcançado com a União Europeia para o Brexit está a ser marcado por uma enorme tensão em todas as frentes. Desde logo na própria reunião que, quatro horas depois de ter começado, ainda não acabou.

E depois porque ao longo do dia foram surgindo boatos de que alguns ministros e outros membros do governo poderiam optar por pedir a demissão face ao que Theresa May iria expor. No meio disso, duas manifestações, uma a favor do Brexit outra a favor da permanência do país no seio da União, evoluíam pelas ruas da capital britânica – não havendo contudo qualquer relato de confrontos.

Só para complicar, tantos os apoiantes da alinha dura (os que acham que uma saída sem acordo é melhor que um Brexit que apelidam de “subserviente”) como os que consideram que o Brexit não faz sentido – e ainda os que querem um segundo referendo (como o ex-primeiro-ministro trabalhista Tony Blair) e os que querem manter-se na União – inundaram as redes sociais, exercendo uma pressão adicional sobre a reunião do gabinete de May.

Pior: Theresa May chegou a convocar uma conferência de Imprensa para a altura em que chegará ao Parlamento para dar a conhecer o teor da reunião do seu gabinete, mas acabou por ver-se forçada a desmarcá-la, face às queixas que se levantaram entre os parlamentares, que não gostaram de ver-se colocados em segundo plano, apesar de terem de aprovar pelo voto aquilo que está decidido com a União Europeia.

Com alguma comunicação social a cobrir ao minuto tudo isto – deixando de lado a confirmação dos boatos ou atirando-a para mais tarde – o dia foi de extrema tensão em Londres – com o resto da Europa a assistir impávida e serena, nomeadamente os embaixadores da União, que estiveram reunidos numa sessão que acabou a horas.

A pressão é de tal ordem, que neste momento ainda não é possível confirmar-se que Theresa May vai mesmo ao Parlamento dar conta do acordo, que a reunião do gabinete será fechada e não terá de transitar para amanhã ou que a primeira-ministra informará o país do que se está a passar.

Todo este ambiente serve para provar que o tema é cada vez mais fraturante na sociedade britânica e que nem sequer no seio do Partido Conservador há qualquer hipótese de haver uma resposta consensual ao projeto. Essa resposta consensual nem sequer parece poder emanar do próprio gabinete do governo.

As notícias mais recentes dão conta de que a reunião do gabinete entrou na sua quinta hora de trabalhos e que não há qualquer indicação de quando venha a acabar.

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