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Draghi: “Recalibração da compra de ativos reflete confiança” na zona euro

O presidente do Banco Central Europeu sublinhou o momento positivo para o crescimento do bloco, mas lembrou que a política acomodatícia continua a ser necessário e garantiu que a instituição vai continuar nos mercados depois do fim do programa de compra de ativos.
  • Kai Pfaffenbach/Reuters
26 Outubro 2017, 14h32

A redução da compra de ativos para metade a partir do próximo ano reflete, segundo Mario Draghi, a confiança do Banco Central Europeu (BCE) na retoma da economia da zona euro. Apesar disso, o presidente da instituição afirmou, em conferência de imprensa, que as políticas monetárias acomodatícias continuam a ser necessárias.

“A recalibração do programa de compra de ativos reflete a crescente confiança na gradual convergência da taxa de inflação para a meta de inflação, devido à expansão económica cada vez mais sólida e ampla, um aumento nas medidas da inflação subjacente e a contínua e efetiva transmissão das nossas medidas de política para as condições de financiamento da economia real”, explicou Draghi, na conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho de Governadores do BCE.

Os decisores de política monetária anunciaram esta quinta-feira que vão prolongar o programa de compra de ativos da zona euro até ao final de setembro de 2018 e reduzir o valor mensal de aquisições para 30 mil milhões a partir de janeiro, data até à qual irá continuar a comprar 60 mil milhões por mês.

“O rumo da inflação permanece condicionado pelo apoio contínuo da política monetária”, sublinhou Draghi. “Por conseguinte, um amplo grau de estímulos monetários continua a ser necessário para as pressões da inflação subjacente continuarem a desenvolver-se e apoiar a evolução da inflação global a médio prazo”.

Tanto em agosto como em setembro, a inflação na zona euro foi de 1,5%, falhando há vários meses a meta do BCE, de uma inflação abaixo, mas próxima de 2%.

“Este suporte monetário contínuo é fornecido pelas compras de ativos líquidos adicionais, pelo stock considerável de ativos adquiridos e pelos reinvestimentos futuros e pela nossa forward guidance a longo prazo sobre as taxas de juros”, acrescentou.

A política de reinvestimentos é uma forma de o BCE se manter no mercado e reduzir o impacto do fim dos estímulos na zona euro. Segundo anunciou a instituição, os reinvestimentos vão continuar por um período prolongado de tempo depois do fim do programa de compra de ativos e até que seja necessário. “Isto vai contribuir tanto para condições favoráveis de liquidez como para uma posição apropriada de política monetária”, explicou o banco central em comunicado.

Apesar de os governadores do BCE terem decidido não especificar ainda o valor dos reinvestimentos, o vice-presidente da instituição, Vítor Constâncio, explicou que irão implicar “muitos milhares de milhões de euros por mês”, em média, já que as compras irão divergir todos os meses, à medida que os ativos atingirem as maturidades.

“Vai ser massivo”, assegurou Mario Draghi. “Nunca estará nos nossos objetivos que [os estímulos] acabem de súbito”.

O BCE manteve também as taxas de juro inalteradas e em minímos históricos. A taxa de juro diretora fica, assim, em 0%, um nível em vigor desde março do ano passado, enquanto a taxa de juro aplicável à facilidade de depósito permanece nos -0,40%, e a taxa aplicável à facilidade permanente de cedência de liquidez em 0,25%.

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