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Economia portuguesa terá abrandado para 2,1% em 2018

Depois do bom desempenho em 2017, com a economia portuguesa a crescer 2,8%, o abrandamento já era esperado. A confirmar-se a previsão dos economistas consultados pelo Jornal Económico, o PIB de 2018 ficará ligeiramente abaixo dos 2,3% esperados pelas Finanças.
13 Fevereiro 2019, 09h45

O Produto Interno Bruto (PIB) de Portugal terá crescido 2,1%, em termos homólogos em 2018, segundo a estimativa média dos economistas consultados pelo Jornal Económico. O Instituto Nacional de Estatística (INE) divulga a estimativa rápida relativa ao último trimestre e ao total do ano passado esta quinta-feira, e a confirmar-se esta percentagem, a previsão ficará ligeiramente abaixo dos 2,3% esperados pelo Governo.

“Em 2018, a economia portuguesa desacelerou face a 2017, o que não surpreendeu, mas acaba por ser algo desapontante, tendo em conta a queda no desemprego e o crescimento fantástico do turismo e uma primeira metade do ano muito positiva em termos de envolvente externa”, referiu Filipe Garcia, economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros. “Fica a clara sensação que o ciclo de crescimento já atingiu o seu pico”, acrescentou.

Depois do bom desempenho em 2017, com a economia portuguesa a crescer 2,8%, o abrandamento já era esperado, mas a meta das Finanças para 2018 continua acima das principais organizações internacionais e nacionais. O Conselho de Finanças Públicas, a OCDE e o Fundo Monetário Internacional estimam uma expansão de 2,2%, enquanto o Banco de Portugal e a Comissão Europeia preveem 2,1%.

O economista-chefe do Montepio, Rui Bernardes Serra, explicou ao Jornal Económico que “em meados do ano, antes do próprio abrandamento da economia da zona euro, prevíamos um crescimento de 2,3%, pelo que, se o crescimento ficar pelos 2,1%, podemos dizer que ficará aquém das expectativas que então se verificavam”.

Por sua vez, o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Católica Lisbon considera que “o menor crescimento de 2018 reflete, acima de tudo, um ano de 2017 acima do crescimento tendencial atual”.

“Ao longo do ano passado, e particularmente no segundo semestre, observou-se alguma deterioração do sentimento que se manteve, porém, acima da média histórica”, salienta numa nota, acrescentando que “os indicadores de alta frequência aconselham prudência e moderação na leitura da presente conjuntura”.

Já Teresa Gil Pinheiro, analista financeira do departamento de estudos económicos e financeiros do Banco BPI, destaca que apesar da instituição financeira ter revisto em baixa a previsão de crescimento em 0,2 pontos percentuais para os atuais 2,1%, consequência dos sinais de abrandamento da economia global, a economia continuou a beneficiar da robustez da procura interna.

“O consumo privado continuou a beneficiar da recuperação do emprego e dos rendimentos; e o investimento, embora tendo desacelerado face a 2017, continuou a crescer a um ritmo saudável, beneficiando de condições financeiras acomodatícias. Com efeito, a evolução do crédito, sobretudo a empresas não financeiras quando corrigido das vendas de carteira apresenta evoluções positivas”, acrescenta.

“Face ao trimestre homólogo de 2017, o crescimento da economia portuguesa deverá ressentir-se do menor dinamismo do consumo, num quadro de abrandamento do emprego e de baixos níveis de poupança. O contributo do investimento fixo deverá manter-se robusto”, realça José Maria Brandão de Brito, economista-chefe do Millennium bcp, na nota de conjuntura. Para o quarto trimestre o economista antecipa espera-se uma redução do ritmo de expansão de 2,1% para 1,6%.

Em cadeia, ou seja, em relação ao terceiro trimestre, a estimativa média dos cinco economistas ouvidos pelo Jornal Económico aponta para um crescimento 0,45%, num intervalo de previsões entre 0,3% e 0,6%. No terceiro trimestre de 2018, a economia portuguesa cresceu em cadeia 0,3%.

“No quarto trimestre, a economia já terá sofrido os impactos da desaceleração económica global, nomeadamente na Europa e na Alemanha, em particular, portanto, com efeitos na procura por parte dos nossos principais parceiros comerciais. O comportamento do setor automóvel continuou a ser positivo, o que deverá ter permitido compensar a queda em outros setores”, explicou Filipe Garcia.

Rui Bernardes Serra, que prevê uma expansão em cadeia de 0,4% e 0,6% no quarto trimestre, justifica que no último trimestre “os sinais de fraco crescimento da economia da zona euro e, sobretudo, no último mês do ano, a forte volatilidade dos mercados financeiros, com impacto nas expetativas globais dos agentes económicos, inclusivamente, nas intenções de investimento e de importações por parte dos nossos clientes externos”.

Já Teresa Gil Pinheiro do Banco BPI, e que antevê um crescimento em cadeia entre 0,3% e 0,5%, salienta que “esta estimativa está sujeita a um elevado grau de incerteza, na medida em que o impacto negativo da greve dos estivadores do porto de Setúbal nas exportações de bens pode ser superior ao esperado”.

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