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Empresas estrangeiras perdem mais de 100 mil milhões com saída da Rússia

A agência de notícias estatal russa RIA calculou que o Ocidente perderia ativos e investimentos no valor de pelo menos 288 mil milhões de dólares se Moscovo decidir ‘sequestrar’ o património que ainda se encontra ‘do lado de lá’.
28 Março 2024, 13h19

Muitas empresas têm assinalado que o fim dos negócios com a Rússia ou para a Rússia são ruinosos para as suas receitas. A Farfetch é apenas uma delas, num conjunto que, segundo a agência Reuters, já custou muitos milhões de dólares. O êxodo da Rússia desde a invasão da Ucrânia em 2022 custou às empresas estrangeiras mais de 107 mil milhões de dólares em perdas de receita mensuráveis, refere a agência.

O volume de perdas aumentou em um terço desde a última contagem em agosto do ano passado, ressaltando a escala do impacto financeiro para o mundo empresarial da invasão da Ucrânia.

“À medida que a invasão da Rússia continua e os regimes de sanções ocidentais aumentam, as empresas que ainda pretendem sair da Rússia provavelmente enfrentarão mais dificuldades e terão que aceitar maiores perdas”, disse Ian Massey, chefe de inteligência corporativa da EME na consultoria de risco global S-RM, citado pela Reuters.

Moscovo tem exigido descontos de pelo menos 50% nas vendas de ativos estrangeiros e tem apertado constantemente os requisitos de saída, muitas vezes aceitando taxas nominais de apenas um rublo.

Até agora, e este ano, as vendas de ativos de propriedade da Shell, HSBC, Polymetal Internacional e Yandex NV, totalizaram quase dez mil milhões de dólares, com descontos de até 90%. Na semana passada, a Danone guia disse que recebeu aprovações regulatórias para se desfazer dos seus ativos russos, com um prejuízo total de 1,3 mil milhões.

Segundo as contas da Reuters, cerca de mil empresas saíram da Rússia desde fevereiro de 2022. A fabricante austríaca de tijolos Wienerberger é o exemplo mais recente: vendeu suas fábricas russas e saiu do mercado, informou o diário RBC esta quinta-feira.

Mas centenas de empresas, incluindo a francesa Auchan e a Benetton, ainda operam ou suspenderam os negócios no país sem deles se desfazerem, de acordo com análise da Yale School of Management.

Os países ocidentais congelaram cerca de 300 mil milhões das reservas de ouro do Banco da Rússia após a invasão russa. A Alemanha nacionalizou a Gazprom’, rebatizando-a de Sefe, e colocando a Rosneft sob tutela do país.

A Rússia prometeu retaliar as propostas da União Europeia para redistribuir os muitos milhões de euros em juros ganhos sobre ativos congelados, alertando para consequências catastróficas e dizendo que qualquer tentativa de tomar capital ou juros é “banditismo”. Os bancos ocidentais estão preocupados com as disputas legais que a questão pode gerar.

Do que ainda está do ‘lado de lá’, “não há ativos ocidentais na Rússia que possam ser considerados seguros enquanto o Kremlin continuar a travar uma guerra”, disse Massey. Moscovo assumiu o controlo temporário de ativos corpóreos de várias empresas ocidentais, incluindo a Fortum, Carlsberg, OMV e Uniper. A agência de notícias estatal russa RIA calculou que o Ocidente perderia ativos e investimentos no valor de pelo menos 288 mil milhões se Moscovo retaliar.

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