[weglot_switcher]

ESI paga a grandes clientes com dinheiro para papel comercial vendido aos balcões

O dinheiro colocado numa conta do Espírito Santo International (ESI), destinada a reembolsar papel comercial vendido a pequenos clientes, foi utilizado para pagar empréstimos a grandes clientes, conclui a auditoria forense pedida pelo Banco de Portugal à Deloitte. A conta aberta no Banco Espírito Santo (BES), chamada de ‘conta escrow’ e destinada a reembolsar quem […]
5 Março 2015, 16h09

O dinheiro colocado numa conta do Espírito Santo International (ESI), destinada a reembolsar papel comercial vendido a pequenos clientes, foi utilizado para pagar empréstimos a grandes clientes, conclui a auditoria forense pedida pelo Banco de Portugal à Deloitte.

A conta aberta no Banco Espírito Santo (BES), chamada de ‘conta escrow’ e destinada a reembolsar quem comprou papel comercial aos balcões do ex-BES, foi utilizada para pagar a grandes clientes do ‘private banking’, sendo assim classificada como “potencial desobediência ilegítima” por parte do Banco de Portugal, segundo o primeiro sumário executivo da auditoria forense realizada pela Deloitte, a que a Lusa teve hoje acesso.

O documento, o primeiro dos cinco realizados pela auditora, refere que houve “saídas de fundos da conta ‘escrow'” no montante de cerca de 740 milhões de euros “para reembolsar papel comercial da ESI que era detido por clientes do BES não classificados internamente no segmento ‘retalho'”, dos quais 500,5 milhões foram destinados a “clientes ‘private'” e 239 milhões referentes a clientes de outros segmentos.

Recorde-se que a criação da conta para fazer face ao reembolso do papel comercial da ESI colocado em clientes de retalho do BES foi determinada pelo Banco de Portugal a 03 de dezembro de 2013.

A intenção era que fosse aberta uma conta à ordem que fosse utilizada por recursos alheios ao Espírito Santo Financial Group (ESFG) com valores equivalentes à dívida emitida pela ESI e detida por clientes do BES na sequência da colocação na respetiva rede de retalho, “devendo essa conta ser exclusivamente destinada ao reembolso dessa dívida”, refere a auditoria forense.

Outra potencial desobediência ilegítima identificada na auditoria foi o pagamento de 80 milhões de euros ao Millennium bcp e 40 milhões ao Montepio Geral, no total de 120 milhões de euros, para liquidar empréstimos à ESI, quando este dinheiro deveria ter sido utilizado para o reembolso de papel comercial.

A auditoria forense adianta que não existe “evidência de que tenham sido destinados a reembolso de papel comercial da ESI colocado em clientes de retalho do BES”.

O documento revela ainda que houve potencial desobediência junto do Banco de Portugal quando foi reembolsado papel comercial da ESI a clientes do BES Açores, cerca de 52 milhões de euros, e a clientes do Banco Best, no valor de 23 milhões de euros.

OJE/Lusa

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.