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Eslováquia junta a países que proíbem importações agrícolas ucranianas

Hungria, Polónia, Bulgária e Roménia são a linha da frente da luta contra a proliferação da venda de produtos agrícolas ucranianos – que deixaram de pagar impostos. Os agricultores dos ‘celeiros’ da Europa afirmam que não aguentam a queda de preços.
17 Abril 2023, 16h51

A Eslováquia tornou-se o terceiro país europeu a interromper as importações de alguns produtos agrícolas ucranianos, na tentativa de controlar a pressão em baixa sobre os preços, que pode colocar em risco os agricultores do próprio país

A Eslováquia anunciou que proibirá temporariamente algumas importações agrícolas da Ucrânia – mas não de cereais – enquanto outros países da Europa Central e Oriental disseram que estão a considerar ações semelhantes.

A começar pela Hungria. Sandor Farkas, ministro da Agricultura, disse esta segunda-feira que se a União Europeia não tomar medidas para proteger os agricultores húngaros, Budapeste pode suspender as importações depois de junho.

“As importações ucranianas de cereais fizeram descer os preços em cerca de um terço, ano a ano”, disse o ministro ao Parlamento do país, afirmando que usará “todos os meios possíveis” para proteger os agricultores húngaros das perturbações do mercado.

Já antes, e face ao aumento da importação de produtos agrícolas ucranianos para o interior do bloco, que fizeram descer os preços, as autoridades governamentais da Polónia também anunciaram proibições à importação de cereais ucranianos para proteger os interesses de seus próprios agricultores.

O líder do partido no governo, Jarosław Kaczyński, disse que a agricultura polaca está a enfrentar um “momento de crise” e que, embora a Polónia tenha apoiado a Ucrânia – tendo-se até destacado nessa frente – foi forçada a agir para proteger os seus agricultores.

Também na Bulgária e na Roménia foram b bloqueadas estradas, com os agricultores a protestarem, afirmando que os cereais ucranianos baratos os fizeram sofrer enormes perdas financeiras.

O ministro da Agricultura da Bulgária, Yavor Gechev, disse que, embora o seu país seja solidário com a Ucrânia, “um excesso local está a ser criado no mercado agrícola, porque em vez de corredores de exportação, os nossos países estão a tornar-se armazéns”. A Bulgária pode ser o próximo país a avançar para uma proibição semelhante à que a Eslováquia quer introduzir.

A Comissão Europeia rejeitou as proibições e disse em comunicado que “a política comercial da União é de competência exclusiva e, portanto, ações unilaterais não são aceitáveis”. Nesse quadro, a Comissão irá ainda esta semana lançar um debate sobre o assunto.

Citadas pelas agências internacionais, as autoridades ucranianas disseram que lamentam a decisão da Polónia, dizendo que, embora os agricultores polacos possam estar em crise, os ucranianos estão em pior situação.

“O primeiro passo, em nossa opinião, deve ser a abertura do trânsito, porque é muito importante e é algo que deve ser feito incondicionalmente e depois disso falaremos sobre outras coisas”, disse o ministro da Agricultura da Ucrânia, Mykola Solsky, esta segunda-feira.

Depois da invasão russa, Moscovo bloqueou as rotas marítimas do Mar Negro, impedindo que os navios ucranianos transportassem cereais e outros produtos agrícolas para o resto do mundo. O bloqueio terminou em agosto com o acordo de cerais (com a ONU e a Turquia a tomarem a cargo as negociações com a Rússia). Em consequência, a União Europeia suspendeu todos os impostos sobre os cereais ucranianos e introduziu “vias de solidariedade” para garantir que não haja obstáculos às exportações. Mas essa decisão colocou em causa os agricultores da Europa Central e Oriental.

Entretanto, o ministro ucraniano das Infraestruturas, Oleksandr Kubrakov, visitará a Turquia esta terça-feira para discutir o estatuto de um acordo que permita a exportação segura de cereais em tempo de guerra de vários portos ucranianos do Mar Negro, revelou o Ministério da Defesa turco esta segunda-feira. Kubrakov vai também encontrar-se com o ministro da Defesa turco, Hulusi Akar, na cidade de Kayseri.

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