Reter e adquirir talento e traçar um plano estratégico ao nível da transformação digital. Estes foram dois dos pontos-chave apontados pelos especialistas no painel dedicado aos desafios da transformação digital das organizações, na conferência sobre o “Futuro das TIC” organizada esta sexta-feira pelo Jornal Económico (JE).
“O caminho das empresas é estabelecerem o seu plano estratégico de transformação digital, porque pior do que corrigirem é não terem um plano estratégico, porque isso é o princípio do fim de uma organização”, referiu Ivon Ramalho, CEO da Izertis Portugal.
Por sua vez, João Fino, director of large enterprises operations da Xerox Portugal, considera que a transformação digital não deve ser vista como um fim, mas sim como um meio e defende uma maior interação entre os recursos humanos das organizações, independentemente da sua localização geográfica. “Trabalhamos com bases de conhecimento que são alocadas a países conforme as necessidades. Essa tem de ser a tendência numa lógica de custos e competitividade. Temos colegas portugueses que dão suporte a outras geografias e vice-versa”, afirmou.
Para Paulo Magalhães, VP Southern Europe da Easyvista, a automação tem de ser pensada pelas organizações como uma vertente da transformação digital, mas sem colocar em causa os postos de trabalho dos colaboradores. “Não é para despedir pessoas. A automação para atividades rotineiras que não acrescentam valor tem de ser uma realidade. Não temos o número de pessoas suficientes no mundo para suportar as atividades de trabalho”, defendeu.
Por seu turno, Ricardo Pisco, CEO da Ruption, deixou um alerta para o facto de empresas internacionais estarem cada vez mais a recrutar talento nacional. “Vai ser muito complicado às empresas combaterem isso na questão do vencimento e da capacidade financeira. Vemos todas as empresas europeias a fazer contratos com trabalhadores portugueses e nem têm a sua sede em Portugal”, realçou.
Como tal, é necessário existir um maior investimento no sector tecnológico. Ivon Ramalho considera que existem várias vias para o fazer, dando o exemplo do Plano de Recuperação e Resiliência, que podia ser mais facilitador porque está muito concentrado no sector público.
“É perfeitamente possível às empresas, independentemente da sua dimensão, encontrarem projetos de transformação digital que fazem sentido para a sua organização, acessíveis do ponto de vista do investimento. A subscrição em vez da posse e o pagamento em função da utilização que se faz, ajusta de uma forma muito mais racional o investimento, aquilo que é a realidade de cada organização. A tecnologia tende a tornar-se cada vez mais barata”, salientou.
Já Paulo Magalhães defendeu a necessidade de investir para segurar e contratar cada vez mais mais colaboradores para este sector. “Se tivéssemos capacidade para recrutar o dobro das pessoas neste momento teríamos capacidade de as por a trabalhar sem problema nenhum”, sublinhou.
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