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Estado suportou cerca de 85% da perda de rendimento nacional no ano passado

Regulador bancário assinala que a perda de rendimento da economia no ano passado foi “mitigada” pela ação dos estabilizadores automáticos e das medidas de apoio adotadas. Centeno destaca que apesar da crise, as famílias tiveram um aumento do rendimento disponível.
5 Maio 2021, 11h38

As administrações públicas suportaram cerca de 85% da perda do rendimento nacional no ano passado, em linha com as perdas verificadas na crise de 2009, mas mais elevada do que a crise das dívidas soberanas de 2012. Os dados são do Banco de Portugal (BdP), com o governador do regulador a destacar que ainda assim, por outro lado, os particulares tiveram um aumento do rendimento disponível.

“Da redução do rendimento nacional em 2020, 85% dessa perda se concentra nas administrações públicas. Os particulares tiveram um aumento do seu rendimento disponível em 2020. Isto é o resultado também único num cenário de crise, que é alias o cenário de crise mais gravoso do ponto de vista da atividade em Portugal. Ainda assim, o rendimento das famílias aumentou em Portugal”, disse Mário Centeno, esta quarta-feira durante a apresentação do Boletim Económico de maio, no Museu do Dinheiro, em Lisboa.

Segundo a análise do regulador bancário sobre a economia no ano passado, a perda de rendimento da economia foi mitigada pela ação dos estabilizadores automáticos e das medidas de apoio adotadas.

“A queda do rendimento disponível bruto da economia de 4,3%, em termos nominais, foi repartida de forma diversa entre os setores institucionais: particulares, empresas e administrações públicas. Destaca-se o papel das medidas orçamentais implementadas na contenção dos efeitos multiplicadores do choque pandémico sobre as famílias e empresas”, refere o “Boletim Económico de maio”, publicado pelo BdP.

A instituição presidida por Mário Centeno assinala que “as administrações públicas suportaram cerca de 85% da perda de rendimento nacional”, sublinhando que esta “é uma percentagem muito superior ao peso deste setor no rendimento disponível bruto nacional nos últimos cinco anos”.

O responsável da instituição sublinhou que “esta distribuição do esforço é absolutamente natural”, uma vez que “quem foi chamado a reagir em primeira-mão foram as administrações públicas e por isso este resultado”.

“Neste período, em termos médios, o rendimento das administrações públicas correspondeu a 18% do rendimento nacional, as famílias dispuseram de cerca de 70%e as empresas de 12%. A participação das administrações públicas na perda de rendimento em 2020 foi idêntica à observada na crise económica e financeira de 2009 mas excedeu largamente a observada durante a crise das dívidas soberanas em 2012”, pode ler-se no relatório.

O regulador voltou a sublinhar que a pandemia constituiu “um choque exógeno”, enquanto “a anterior crise teve origem nos desequilíbrios macroeconómicos que se vinham acumulando”, explicando que o impacto das medidas discricionárias adotadas sobre o rendimento das famílias e empresas foi de 1,9% do rendimento disponível nacional.

“Estas medidas, os estabilizadores automáticos e outras medidas discricionárias sem impacto direto no rendimento disponível contribuíram para uma deterioração de 5,8 pp do saldo orçamental”, refere.

Por outro lado, explicou que o rendimento disponível nominal dos particulares cresceu 1%, tendo o apoio direto, que inclui apenas as transferências realizadas diretamente do Estado para as famílias na sequência das alterações legislativas, sido o equivalente a 0,4% do rendimento nacional.

(Atualizado)

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