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Everis mexe nos cargos de liderança em plena crise e mantém investimento na inovação

“Não podemos abdicar da inovação sob o prejuízo de pôr em causa o nosso próprio negócio”, garante Tiago Santos Barroso ao Jornal Económico, cerca de dois meses depois de assumir a liderança da empresa em Portugal.
27 Maio 2020, 07h45

Tiago Santos Barroso assumiu a liderança da consultora Everis Portugal no auge da pandemia. Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o novo diretor executivo admite que as metas que traçou para a empresa acabaram por se desvanecer, fazendo com que, nos últimos dois meses se preocupasse em fomentar a capacidade de adaptação em detrimento de definir estratégicas a curto prazo. Contudo, o objetivo principal mantém-se e intensificou-se: a transformação digital das organizações´

“O grau de incerteza que estamos todos a viver face à situação económica é uma realidade da qual temos de ter consciência. Todas as perspetivas de futuro que tivesse traçado tracei-as fora deste contexto. Acreditamos que, após este freaze da economia, o mercado das Tecnologias [TI], que estava em crescimento exponencial, ainda vai acelerar mais, porque há necessidade por parte das organizações”, afirma ao JE, cerca de dois meses depois de assumir esta pasta, que passa por encabeçar um projeto com mais de 1.000 pessoas em Portugal.

Como os desafios à inclusão dos colaboradores também redobraram, a multinacional decidiu manter os programas internos de bem-estar, lançados pela anterior gestão, entre os quais aulas de ginástica e sessões de yoga e meditação – desta vez, online. Ademais, promoveu fóruns de contacto que extravasem o contexto profissional (como jogos, num ambiente descontraído, cada um em sua casa). A nível externo, a empresa optou por disponibilizar às instituições de saúde públicas e privada a solução de telemedicina ehCOS Remote Health de forma gratuita.

“É uma circunstância de estar em casa é difícil para todos e, provavelmente, vai-se prolongar no tempo. O maior desafio de assumir esta função é assumi-la neste formato de trabalho diferente, em que nos temos de readaptar, passar a mensagem, chegar às pessoas. Estamos todos a aprender. Cada colaborador tem agora dificuldades diferentes, de conciliar essa rotina com os filhos ou de mais isolamento no caso daqueles que vivem sozinhos”, explica Tiago Santos Barroso ao JE. Para manter o “contacto humano”, os executivos procuram iniciar as reunião por videochamada com algo “tão simples quanto: perguntar como é que as pessoas estão, como lhes está a correr o dia”.

Ciente de que a inovação e o empreendedorismo serão dois impulsores da retoma económica, a Fundação Everis decidiu investir este ano em mais uma edição, a 19ª, dos prémios anuais que atribuem 70 mil euros a um projeto de base tecnológica. “As TI têm um modelo de mutação e de evolução constante e, portanto, temos como objetivo mantermo-nos na crista da onda daquilo que é a inovação tecnológica. É daquelas coisas em que não podemos abdicar sob o prejuízo de pôr em causa o nosso próprio negócio”, confessa.  As candidaturas estão a decorrer até ao próximo dia 21 de junho.

Exportar tecnologia do outro lado do Atlântico

Já Miguel Teixeira, depois de seis anos enquanto CEO em Portugal, voou para o hemisfério sul, passando a ser o responsável pela operação da Everis no Chile, e levando consigo alguém da sua confiança. A missão enquanto membro da equipa executiva nas Américas é uma: aumentar a oferta de valor e exportá-la na região – ou seja, mais foco na disrupção e menos no crescimento.

Enquanto português à frente de uma empresa na América Latina, não descura o orgulho. “Os portugueses são bons. Quando nós estamos motivados numa tarefa estamos bem preparados. É uma oportunidade para irmos para outros países e mostrarmos o nosso valor”. “O Chile é um país com um modelo liberal. Desenvolveu-se imenso nos últimos anos. O PIB per capita é 20% acima do do Brasil. Quando se compara com Portugal ainda há muito por fazer, mas há um conjunto de índices no qual está à frente. Por exemplo, a utilização de dados de internet por pessoa é o dobro”, diz.

No entanto, um dos maiores clientes da Everis no Chile é a Latam Airlines, que, à semelhança das restantes companhias aéreas, foi fortemente impactada pela pandemia e a consequência sentiu-se no negócio, ainda que não tenha havido despedimentos. “Foi delicado para todos os fornecedores. É mais um desafio, como gerir um país novo, uma língua e uma cultura diferentes, mas o modelo é o mesmo: cuidar das pessoas e meritrocracia”, assegura Miguel Teixeira.

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