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“Falta de transparência e enorme opacidade”. PSD e IL apoiam veto à TAP e PCP apela a empresa pública

Os argumentos apresentados pelo Presidente para o veto “são o espelho da governação socialista”, de acordo com as palavras de Miguel Pinto Luz ao Jornal Económico. Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, lembra que não pode existir “truque contabilístico”. PCP reafirma importância de “uma TAP pública”.
27 Outubro 2023, 20h02

O PSD aponta para a “falta de transparência e enorme opacidade” do negócio de privatização da TAP, em reação ao veto presidencial anunciado hoje no site da Presidência da República.

Marcelo veta decreto de reprivatização da TAP e pede clarificação

Em declarações ao Jornal Económico (JE), Miguel Pinto Luz, militante social-democrata e vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais garanta que se trata “apenas de um episódio nos oito anos de governação socialista do dossiê TAP”.

De acordo com o comunicado da Presidência, o chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, teve por base três pontos fundamentais para vetar o diploma. O primeiro é referente à percentagem de venda da transportadora (deverá ser sempre acima de 51%), ao passo que o segundo aponta para a alienação ou aquisição de ativos por parte da TAP, antes ainda da privatização. O terceiro e último ponto é referente à necessidade de o processo de venda ser efetuado de forma legal e transparente.

De acordo com Pinto Luz, os três pontos mencionados “são o espelho da governação socialista, desde logo a incapacidade de criar mecanismos de acompanhamento e intervenção do Estado numa empresa que se diz estratégica”

O deputado Bernardo Blanco, do Iniciativa Liberal (IL), também falou ao JE e fez saber que o partido partilha das “preocupações” de Marcelo Rebelo de Sousa.

Blanco alerta para o perigo relacionado com a eventualidade de o caderno de encargos relativo a este processo ser feito “à medida de alguma proposta ou de algum interessado”. Em causa está a vontade demonstrada pelo Governo no sentido de “negociar com os interessados” e só depois proceder à realização do tal caderno de encargos. Nesse sentido, o deputado destaca a importância do terceiro ponto.

O liberal reforça a intenção de ver a TAP ser vendida pelo maior valor possível, mas reitera que “esse tem que ser um valor real, não pode ser um truque contabilístico”. De acordo com o próprio, o que está implícito no segundo ponto é exatamente a necessidade de o valor corresponder integralmente à verdade.

Bernardo Blanco mostra-se, porém, reticente sobre o primeiro ponto, não apenas porque o IL é favorável à venda da totalidade da companhia, mas também porque, recorda, haverá sempre uma parte do negócio que deverá ser confidencial.

Também o Partido Comunista Português (PCP) reagiu ao veto do Presidente da República e reforça a importância de a TAP continuar nas mãos do Estado, já que “só uma TAP pública está em condições de assegurar e preencher inteiramente o interesse público”. De acordo com os comunistas, as razões que, de acordo com o comunicado da Presidência, conduziram ao veto presidencial comprovam em si mesmas que a privatização da TAP representaria um “crime económico”.

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