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Falta óleo no motor da economia para 2023

O crescimento do investimento, o óleo no motor da economia, estará bastante alavancado no investimento público, sendo que perto de metade será financiado pelo PRR, cuja taxa de execução tem ficado dramaticamente abaixo do previsto. Mário Centeno assim o disse.
16 Dezembro 2022, 10h55

O cenário macroeconómico que serviu de base à proposta do Governo para o Orçamento do Estado de 2023 prevê um crescimento real do PIB de 1,3% durante o próximo ano. A sustentar este crescimento está uma subida prevista do investimento de 3,6% e do consumo público de 2,3%. Existem, no entanto, algumas nuvens no horizonte de uma execução orçamental feliz nestas duas rubricas.

O crescimento do investimento – o óleo no motor da economia – estará bastante alavancado no investimento público. A previsão é que este totalize cerca de 8.618 milhões de euros no próximo ano, sendo que perto de metade – 46,8% – será financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Isto representa um aumento de 37% do investimento público, para cerca de 3,5% do PIB, o nível mais elevado desde 2011. No entanto, para que isto se materialize, é importante que a execução das verbas do PRR decorra de acordo com o previsto. Algo que a julgar pelo que tem acontecido está longe de ser um dado adquirido. Foi o próprio Mário Centeno que disse, no início deste mês, que a taxa de execução do PRR tem ficado dramaticamente abaixo do previsto.

Dentro das várias razões que podem ser dadas para este atraso, está logo uma à cabeça: a inflação. O aumento acentuado dos custos da mão de obra, dos materiais e dos equipamentos necessários à execução das empreitadas tem sido um obstáculo.

Em maio foi aprovado o Decreto-Lei 36/2022 que permite ajustar os orçamentos das empreitadas, mas as burocracias e queixas associadas têm sido mais do que muitas. A diminuição do tempo que decorre entre a abertura dos concursos e a sua execução também é fundamental no minimizar destes riscos. Para isso será importante perceber o impacto do Decreto-lei 78/2022, que entrará em vigor no princípio de dezembro, e das medidas especiais de contratação pública que estão contempladas.

Outro fator que também pode complicar as contas da execução tem a ver com o mercado de trabalho. Não só o desemprego está em mínimos históricos em Portugal e na Europa, como também a taxa de emprego está em máximos históricos, assim como o número de vagas não preenchidas. Se tivermos em linha de conta que o mercado de trabalho português é dos mais rígidos da OCDE, depressa se percebe o risco que a falta de mão de obra pode significar para o aumento de 37% do investimento público que está previsto.

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