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Faturação de negócios portugueses aumentou mas portugueses gastam menos em cada compra

Os dados mostram que o ticket médio está nos valores “mais baixos de sempre desde o início de 2020”, fixando-se em 32 euros, sendo que o valor mais elevado foi alcançado durante o primeiro confinamento, com 39,2 euros.
16 Abril 2021, 13h01

O sistema retalhista português verificou uma ligeira recuperação nos níveis de faturação nacional, apesar desta ainda se encontraram abaixo dos valores verificados pré-pandemia, que caíram 8% em 2020 face ao ano anterior, revela um estudo da REDUNIQ, que adianta que a faturação subiu quatro pontos percentuais entre fevereiro e março de 2021, quando o desconfinamento se começou a sentir.

No entanto, o estudo revelou que a faturação estrangeira em Portugal continua a registar uma quebra acentuada de 76% em março de 2021 face ao mesmo mês em 2019. Esta tendência decrescente reflete as restrições impostas pelo Governo às deslocações de e para fora do território nacional durante a pandemia.

De forma global, a faturação dos negócios portugueses registou em março de 2021 uma redução de 20% comparativamente com os níveis pré-pandemia, sendo esta uma desempenho semelhante a fevereiro de 2021 e também a março de 2020, onde foram registadas quebras de 21% e 22%, respetivamente.

Ainda que se verifique uma tendência de crescimento do consumo nacional com o desconfinamento, os dados da REDUNIQ indicam que os portugueses estão a gastar menos em cada compra que realizam. Os dados mostram que o ticket médio está nos valores “mais baixos de sempre desde o início de 2020”, fixando-se em 32 euros, sendo que o valor mais elevado foi alcançado durante o primeiro confinamento, com 39,2 euros.

“Desde o início da pandemia que os resultados de faturação têm variado consoante um conjunto de fatores, seja o confinamento, que leva ao encerramento de alguns estabelecimentos e, consequentemente, à redução do consumo, seja outras dinâmicas como o início do processo de vacinação no país, que demonstrou um impacto positivo na retoma do consumo pelas famílias”, aponta Tiago Oom, diretor da REDUNIQ, em comunicado.

O responsável adianta ainda que volvido um ano desde o início da pandemia “começamos a assistir a algumas dinâmicas que podem espelhar o real impacto da atual conjuntura socioeconómica, como é o caso dos valores médios de compra”. “Se por um lado podemos traduzir este cenário numa maior preocupação das famílias em poupar, face às dificuldades financeiras que podem vir a enfrentar, ou numa retoma à normalidade no momento de consumo, por outro lado pode já significar uma redução do poder de compra, sobretudo das classes mais baixas da sociedade, fator esse que revela a urgente necessidade de se apostar na literacia financeira, como forma de capacitar as famílias para uma maior resiliência face à atual”.

O estudo adianta que o impacto do desconfinamento já se tem feito sentir nas diferentes categorias de negócios. Para a REDUNIQ, o caso mais evidente de recuperação são os cabeleireiros, que teve um crescimento de faturação de 79% no primeiro dia do desconfinamento a 15 de março, quando lhes foi permitido reabrir portas.

Por sua vez, o retalho alimentar tradicional e os hiper e supermercados verificaram um pico de faturação durante o fim de semana da Páscoa. Comparando as terceiras semanas de desconfinamento de 2020 e 2020, o retalho alimentar tradicional apresentou um crescimento de 96%, notando o aumento de compras no comércio local, enquanto os hiper e supermercados tiveram um crescimento de 25%.

O relatório da rede nacional de aceitação de cartões nacionais e estrangeiros explica ainda que “praticamente todas as categorias de negócio aumentaram a sua faturação neste novo desconfinamento em relação ao desconfinamento anterior”, durante a primeira semana de maio de 2020. Neste desconfinamento destacou-se a saúde, com um aumento de 183% e a hotelaria e as atividades turísticas com um crescimento de 181%.

“Apesar dos valores absolutos ainda muito baixos da hotelaria, este segundo desconfinamento demonstra sinais positivos na retoma do sector, sobretudo pela confiança do impacto do processo de vacinação na retoma do consumo turístico”, explica Tiago Oom.

Outra tendência assinalada pelo relatório da rede de aceitação de cartões é o crescimento do contactless, que desde o início da pandemia tem crescido exponencialmente, tendo-se tornado um hábito de pagamento entre os portugueses. Em março de 2021, 42% dos pagamentos efetuados na rede de aceitação da REDUNIQ foram feitos através do método contactless, uma percentagem que contrasta com os 4% de janeiro de 2019 e 10% de janeiro de 2020.

“Não há como negar a forma como o contactless se tornou uma alternativa fácil e segura para muitos portugueses. Mas mais do que uma resposta à pandemia, o contactless é a perspetiva de um futuro dos pagamentos digitais cada vez mais procurado pelo consumidor, o que leva a uma necessidade do tecido empresarial português se dotar desta tecnologia nos seus negócios, de modo a responder às novas exigências dos seus consumidores”, explicou o diretor da REDUNIQ.

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