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Google: “O nosso impacto económico não se resume a 9 mil milhões ou aos empregos criados em Oeiras”

Bernardo Correia, ‘country manager’ da Google em Portugal, refere ao Jornal Económico que a tecnológica permite que todos os portugueses tenham “acesso ao mesmo grau de informação”, independentemente de viverem em grandes metrópoles ou zonas rurais.
  • Fotografia cedida
25 Fevereiro 2019, 07h47

A Google tem impacto económico de 2,5 mil milhões de euros em Portugal e um excedente do consumidor (gerado anualmente pela utilização gratuita de produtos da marca) na ordem dos 9 mil milhões de euros, de acordo com um estudo da Boston Consulting Group (BCG). Confrontado com estes números, o country manager da Google Portugal afirma que é o “reconhecimento” do efeito no país das ferramentas da marca.

“O nosso impacto económico não se resume a esses tais 9 mil milhões de euros nem nos empregos diretos criados nos centros de Oeiras ou nos outros escritórios em Portugal. Deve incluir também uma série de outros programas que temos aqui”, disse Bernardo Correia ao Jornal Económico. Entre os exemplos por si apresentados estão o Ateliê Digital, que já formou e requalificou cerca de 50 mil pessoas em competências digitais, e o Gen10s, que ensinou linguagem de programação a cinco mil crianças do ensino primário.

Além disso, a gigante tecnológica – que, muitas vezes, está entre a espada e a parede com a imprensa – desembolsou 7,2 milhões de euros em projetos de inovação na área do jornalismo em Portugal, tendo apoiado a criação do estúdio multimédia do “Jornal de Notícias“, no Porto, ou o novo estúdio de rádio do jornal online “Observador“, em Lisboa. Em prol do combate às fake news (“notícias falsas”), fez, na semana passada, um donativo de 250 mil euros à Associação Portuguesa de Imprensa.

Alguns destes investimentos inserem-se no âmbito do Digital News Innovation Fund (DNI), cujo objetivo é ajudar a indústria media digital. O fundo DNI já concedeu mais de 115 milhões de euros a 559 projetos em 30 países da Europa. Em Portugal, a multinacional distribuiu 1,418 milhões de euros por cinco iniciativas jornalísticas, inclusive nos grupos Cofina e Media Capital. Bernardo Correia acredita que os produtos da empresa detida pela Alphabet fizeram com que qualquer português pudesse ter acesso ao mesmo grau de informação, “seja de uma população mais pobre do interior do país ou um aluno do colégio privado mais caro de Lisboa ou do Porto”.

Digital vale quase 5% do PIB 

O número um da Google Portugal refere ainda que o “mais surpreendente” é o facto de o digital já ter um peso de quase 5% na economia portuguesa e o “mais interessante” é o potencial do online no crescimento do PIB nacional: 1,5 pontos percentuais todos os anos, pelo menos, até 2025. “Isto pode representar 20 mil milhões adicionais se apostarmos num ambiente regulatório positivo e digital friendly, na criação de infraestruturas e na qualificação e requalificação de mão-de-obra portuguesa para podermos suprir todas as faltas de talento, explicou o gestor.

Apesar de Portugal estar longe dos ‘bons alunos tecnológicos’ (como a Irlanda, a Estónia ou o Reino Unido) e de ter um gap de 3,3 pontos percentuais quando comparado com a média europeia [peso do digital no PIB], Bernardo Correia confessa que se “orgulha” de “fazer parte desta viagem” do país até ao ranking dos maiores hubs tecnológicos europeus.

A BCG e a Netsonda calcularam também quanto estariam os portugueses dispostos a pagar pelas aplicações de que usufruem gratuitamente, como o Gmail, o Google Search ou o Google Maps: 1.400 euros anuais. Ao semanário, a Google Portugal negou o que estas contas fossem uma espécie de ‘teste’ para passar a cobrar por estas ferramentas na sua versão básica. “Alguns desses serviços têm a possibilidade de ser pagos já. Lançámos, no ano passado, o YouTube Premium por subscrição. Portanto, essa possibilidade já existe”, assegurou Bernardo Correia.

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