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Governo ganha aliado improvável no Eurogrupo

Dijsselbloem, que várias vezes mostrou receio quanto às contas públicas nacionais, afirmou que Portugal está a tomar as “medidas adequadas” no sistema bancário, de forma a conter a subida dos juros.
27 Janeiro 2017, 10h26

A reunião de ministros das Finanças da Zona Euro desta quinta-feira ficou marcada por uma reviravolta face ao habitual discurso das autoridades europeias. Jeroen Dijsselbloem, o presidente do Eurogrupo que por diversas vezes mostrou reticências quanto ao rumo das contas públicas nacionais, disse ontem que Portugal está a tomar “as medidas adequadas” no sistema financeiro. Mário Centeno levou na bagagem a redução do défice para 2,3% e deixou um desabafo, no final do encontro: “Algumas vozes no Eurogrupo andaram durante o ano de 2016 muito enganadas”.

O ministro das Finanças esteve na reunião dos ministros de Finanças da Zona Euro a dar explicações sobre o estado atual da economia portuguesa. Embora a situação grega estivesse no topo do encontro do Eurogrupo, os resultados da última missão de supervisão pós-programa a Irlanda e Portugal foram também alvo de discussão. Ambas as missões tiveram lugar entre novembro e dezembro do ano passado.

Jeroen Dijsselbloem elogiou os esforços do Governo na estabilização do sistema financeiro, mas pediu mais esforços para conter o aumento dos juros da dívida pública. “Penso que a volatilidade [dos juros] sublinha uma vez mais a necessidade de Portugal fazer avançar a agenda de reformas, com a qual disseram estar comprometidos, e de dar mais passos para reforçar o setor bancário, o que está a ser feito neste momento. Penso, portanto, que estão a tomar as medidas adequadas”, declarou.

Mário Centeno levou como principal argumento a redução do défice no ano passado, que terá ficado num valor inferior a 2,3%. As melhorias no mercado de trabalho foram também destacadas pelo governo e Centeno usará este argumento para sustentar que as opções económicas do Governo estão no caminho no certo.

À saída do encontro, o ministro das Finanças defendeu que os resultados da execução orçamental contrariam as previsões que alguns membros do Eurogrupo lançaram durante o ano passado. Centeno garantiu que Portugal está no caminho correcto, “com um défice sustentadamente abaixo dos 3%”, o limiar inscrito no Pacto de Estabilidade e Crescimento, e a cumprir as metas com que se comprometeu. “Houve seguramente a confirmação de que algumas vozes no Eurogrupo andaram durante o ano de 2016 muito enganadas”, disse o ministro, acrescentando que sublinhou, durante a reunião, a necessidade de os intervenientes europeus serem mais comedidos nos seus comentários, no futuro.

Na véspera, as habituais vozes oficiosas da burocracia europeia fizeram eco. Após uma reunião preparatória do Eurogrupo, uma fonte não identificada de Bruxelas disse à Bloomberg que as autoridades europeias estariam preocupadas com a subida dos juros da dívida pública e com o sistema bancário português.

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