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Hospitais privados registam o dobro das cesarianas em relação aos públicos

Em 2018, a taxa de cesarianas realizadas em hospitais privados foi de 66,3%, face aos 28,7% dos centros hospitalares públicos. Ex-presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, considera esta situação “uma péssima medicina, péssima ética, um indicador terceiro mundista e uma vergonha que desacredita os profissionais de saúde”.
13 Janeiro 2020, 10h11

A taxa de cesarianas nos hospitais privados continua a duplicar em relação aos hospitais públicos e voltou a registar um novo aumento no ano de 2018, onde atingiu uma taxa de 66,3%, face aos 28,7% das entidades públicas. Dois terços dos partos nos privados foram efetuados através de cesariana, enquanto somente um sexto dos partos foi de parto normal, segundo escreve a edição desta segunda-feira, 13 de janeiro, do jornal “Público”.

“É uma péssima medicina, péssima ética, um indicador terceiro mundista e uma vergonha que desacredita os profissionais de saúde”, refere Miguel Oliveira da Silva, ex-presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, no livro “Quem está contra a Medicina”. O médico classifica como “inquietante” o “silêncio quase absoluto sobre o que se passa no setor privado”, acrescentando que “há interesses financeiros e má informação das grávidas sobre os riscos das cesarianas a pedido”.

No ano passado a Administração Central do Sistema de Saúde disponibilizou números até ao mês de setembro para os hospitais públicos, que indicavam um crescimento para os 29,3% na taxa de cesarianas, depois de ter atingido um valor mínimo de 27,6% no ano de 2016.

Os responsáveis da Direção Geral de Saúde (DGS) sublinham que “não se pode falar”, por enquanto, de uma “tendência ascendente” das cesarianas no SNS, “porque é a primeira vez desde 2012 que se regista uma subida de um ponto percentual nos hospitais públicos e PPP (parcerias público-privadas)”. Já em relação aos outros hospitais, consideram que “não estando ainda concluída uma análise ao setor privado, nada indica que a tendência seja diferente”

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