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IKI Mobile abre fábrica de telemóveis em Coruche

A empresa portuguesa, criadora do primeiro smartphone com componentes em cortiça, vai produzir 100 mil unidades por mês.
  • Cristina Bernardo
1 Fevereiro 2018, 06h55

Quando, há cerca de três anos, Tito Cardoso, CEO da IKI Mobile, criadora do primeiro smartphone do mundo com componentes em cortiça, avançou com a criação da marca, aceitando um desafio da consultora Univercosmes, este era o seu maior sonho: inaugurar uma fábrica. E agora está prestes a concretizá-lo.

Com um investimento na ordem dos 1,6 milhões de euros de capitais próprios, a fábrica, localizada em Coruche, Capital Mundial da Cortiça, na Zona Industrial do Monte da Barca, vai criar, numa primeira fase, 36 postos de trabalho, número que antevê vir a aumentar em cerca de 15 trabalhadores até ao final do segundo trimestre de 2018, assim sejam produzidas as muitas pré-reservas do próximo equipamento, topo de gama, a chegar aos mercados nacional e internacional. Ou seja, fechados os muitos acordos em curso com algumas das principais operadoras instaladas na Europa e fora dela, nomeadamente na Nigéria, para as quais poderá produzir as suas linhas brancas (telemóveis ODM-OEM).

A fábrica terá uma capacidade de produção de aproximadamente 100 mil telemóveis por mês e dará à IKI Mobile a autonomia necessária para crescer sem depender de terceiros. Tito Cardoso esplicou ao Jornal Económico que, no arranque, serão produzidos entre as 35 a 36 mil unidades por mês, destinadas a Portugal e a Espanha, mas também para os restantes mercados europeus.

Sobre os primeiros passos dados no sentido desta concretização, Tito Cardoso sublinha a importância do período de prospeção no mercado nacional, mas sobretudo nos mercados externos, numa lógica de internacionalização que sempre presidiu aos planos estratégicos de desenvolvimento e crescimento da marca. “Sabemos, todos os portugueses sabem, que a exportação e a internacionalização são muito importantes. Somos um país pequeno, onde se fazem bons trabalhos, mas precisamos de os vender lá fora. Este é um princípio do próprio Governo português ,no qual nos enquadramos ao ponto de acreditar que conseguiremos colocar Portugal no futuro”. Admitindo que já existem muitas empresas nas novas tecnologias, players fortes, ligadas sobretudo a aplicações e software, no que concerne ao hardware e produção de uma marca própria de telemóveis, o responsável não tem dúvidas de que as empresas portuguesas são “muito fortes”. E no caso da IKI Mobile estava encontrado o fator diferenciador capaz de impulsionar a mardca e de conquistar esse trilho do futuro.

A diferença, em seu entender, surge então por se tratar, desde logo, de uma marca portuguesa, que se posiciona também como insígnia europeia e “que decide ir contra o que é a normalidade da centralização da produção na China”, onde chegaram a produzir mas onde, depois de inaugurada a fábrica em Portugal, só procurarão alguns componentes, escolhidos e acompanhados por uma equipa de colaboradores portugueses no terreno.

O responsável não deixa de frisar que é na China que o maior know-how existe e que em termos de parceria este será sempre um destino de eleição.

Assim, a IKI Mobile continuará a apostar na diferenciação através do design e da criatividade, e sobretudo da capacidade de ter ideias disruptivas, como a utilização da cortiça, e que Tito Cardoso garante que é algo internacionalmente reconhecido aos projetos “made in” Portugal. A diferenciação passa ainda pela preocupação com o meio ambiente, razão pela qual pretende substituir os materiais mais poluentes, como o metal, por plástico reciclável na próxima gama.

Apesar de focada na abertura da inauguração e na edição deste ano do Mobile World Congress (MWC) de Barcelona, a IKI Mobile não deixou de ir abrindo caminho e já celebrou vários acordos de distribuição, nomeadamente com a VASP, a Databox, a Pagaqui, a Disashop, a Lycamobile e entrou no grande retalho através dos espaços Telecor do El Corte Inglès, nas lojas BOX da Auchan e na Worten. A empresa, que exporta 95% dos equipamentos, teve uma faturação anual superior a 3 milhões de euros e é uma das marcas mais vendidas em Angola e Timor-Leste. Em 2017, vendeu cerca de 400 mil telemóveis.

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão

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