O projeto, que terá a duração de cinco anos, vai contar com um investimento de oito milhões de euros em Portugal, num consórcio nacional liderado pelo IPN e que conta com a participação do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra (CHUC), Centro Hospitalar de São João, no Porto, Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, Cáritas de Coimbra, Health Cluster Portugal e EIT Health Innostars.
A iniciativa, que conta com uma contrapartida financeira da Comissão Europeia, quer dar resposta aos problemas que muitas empresas sentem quando chegam à fase de testar o seu produto em ambiente hospitalar ou assistencial, disse à agência Lusa o diretor do Laboratório de Automática e Sistemas do IPN, António Cunha.
“Há uma taxa de mortalidade alta destas empresas que se dedicam à parte da saúde, porque o processo é, de facto, complicado e caro e muitas ficam pelo caminho”, notou.
Com o projeto, será criado uma espécie de balcão único para empresas que queiram testar e certificar produtos ou serviços na área da saúde que já tenham alguma maturidade.
Os hospitais associados ao consórcio e a Caritas serão locais “onde essas soluções podem ser testadas e validadas”, explicou António Cunha.
“Se uma empresa agora quer ter acesso a um conjunto de clínicos na área de uma especialidade que precisa, tem de falar com o hospital, perceber se há algum especialista que pode dedicar tempo a testar aquela solução e é tudo muito manual e não está organizado”, notou.
Com este projeto, são criadas estruturas denominadas de TEF (Testing and Experimental Facilities), que criarão uma espécie de ponte entre empresas e hospitais.
Os TEF, para além de poderem servir como ambiente de teste e demonstração de soluções, servirão também para revisões éticas e de proteção de dados dos projetos das empresas, contemplando ainda atividades como a incubação ou a análise de mercado.
“Há uma dupla mais-valia: o hospital, a prazo, vai beneficiar de novas práticas e isso vai ter um reflexo nos cuidados junto dos utentes. E um segundo efeito é o impacto nas empresas, na componente económica”, salientou o responsável.
Neste consórcio, o IPN irá prestar ajuda na área tecnológica e regulamentar e os hospitais e a Caritas nos testes e verificação das soluções que forem desenvolvidas pelas empresas.
António Cunha apontou para um exemplo: “Uma empresa que se dedique a fazer deteção de doenças em imagem médica, como raio-X ou TAC, precisa de muitas imagens reais, algumas com patologias associadas para calibrar os seus algoritmos”.
“Com esta organização, o hospital pode fornecer esse material de teste para a empresa afinar os seus algoritmos ou provar que o algoritmo funciona”, referiu, salientando que essa prova tanto poderá ajudar a avançar no processo de certificação do produto como a angariar investimento.
Para além de querer atrair empresas portuguesas da área, o projeto pretende também “atrair empresas de fora para Portugal”, vincou.
O projeto europeu contempla um consórcio de 52 entidades de dez países, sendo liderado pelo hospital universitário Charité, em Berlim (Alemanha).
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