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Inditex avalia direito de voltar a operar na Rússia em 211 milhões de euros

O grupo galego deixou em definitivo o mercado russo em abril passado. Em definitivo? Talvez não. É que a Inditex já avaliou o que poderá custar-lhe o regresso depois do fim da guerra.
14 Setembro 2023, 09h48

A Inditex colocou um preço para um hipotético regresso ao mercado interno russo, de onde saiu apos a invasão da Ucrânia. O grupo têxtil galego avalia em 211 milhões de euros o direito de regresso para, “caso surjam novas circunstâncias”, regressar àquele que se tornou o seu segundo maior mercado em número de lojas.

Este volume é refletido pelo grupo galego no relatório financeiro do primeiro semestre do ano e o item é classificado como “ativo intangível de forma útil”. O grupo fechou definitivamente em abril a transferência dos ativos e funcionários associados às 243 lojas que a Inditex operava naquele mercado para o grupo Daher (oriundo dos Emirados Árabes Unidos) , em operação anunciada em outubro de 2022.

A transferência, contudo, incidiu apenas sobre menos de metade dos estabelecimentos que o grupo espanhol tinha na Rússia quando eclodiu a invasão da Ucrânia. As que não foram transferidas foram fechadas. Após a conclusão do negócio, a Daher vem ocupando as lojas com as suas próprias marcas. Como explica a Inditex, estes são “totalmente estranhos” e são “geridos de forma independente pelo Grupo Daher”.

No entanto, ao abrigo do acordo assinado, os investidores do Médio Oriente têm a “obrigação” de “facilitar um contrato de franquia” e ceder a utilização “imediata dos ativos transferidos”, no caso de a Inditex decidir regressar à Rússia – o que para todos os efeitos só sucederá se e quando a guerra acabar.

A cessação das operações neste mercado implicou ajustamentos importantes para a empresa têxtil galega. Inicialmente, o abandono foi provisionado em 216 milhões de euros, valor que depois subiu para 230 milhões. Mas o maior ajuste veio no fim de 2022. De acordo com o site “CincoDías”, a empresa têxtil assumiu imparidades de 2.211 milhões ao deixar a zero o valor de todas as filiais que tinha na Rússia, correspondentes a cada um dos formatos comerciais que ali tinha instalado.

A empresa explica no seu relatório semestral que “os ativos líquidos associados” ao negócio russo “foram ajustados ao seu valor de realização em 31 de janeiro de 2023”. Estas imparidades não tiveram impacto nas contas consolidadas, que refletiram a provisão de 230 milhões de euros.

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