Não há de ser por acaso que o norte-americano Philip Roth (desaparecido em maio de 2018 e seguramente um dos grandes nomes da literatura mundial contemporânea) deu à estampa, em 2004, uma obra intitulada “A Conspiração contra a América”. A América, a do Norte, é zona fértil para a proliferação de teorias da conspiração – das mais diversas, desde as meramente estúpidas àquelas que mereciam (e imensas vezes mereceram) as atenções dos guionistas de Hollywood.
Nos tempos mais recentes, a teoria da conspiração mais ‘comprada’ pelo ‘público’ norte-americano – possivelmente sempre ávido de uma qualquer distração que lhe permita abstrair-se do maçador ‘sonho americano’, embuste que é claramente uma conspiração contra a capacidade reivindicativa das classes baixa e média-baixa – é a que tomou o nome QAnon. Ora, diz essa teoria conspirativa que um conjunto de pedófilos democratas adoradores de Satanás quer acabar com a brilhante carreira político-empresarial-familiar do presidente em exercício Donald Trump. Em termos literários, a coisa é fraca. Vale tanto como uma igualmente possível conspiração de salsichas voadoras comunistas violadoras de viúvas, mancomunadas para acabar com a venda de mostarda em favor das 57 variedades de ketchup da Heinz – portanto, o antigo secretário de Estado democrata John Kerry, casado com a herdeira da empresa, está nisto até ao pescoço.
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