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Mesmo sem reunir apoio dos partidos, Centeno garante: “Sinto-me qualificado, motivado e apoiado”

O candidato a sucessor de Carlos Costa diz ser “absolutamente normal e natural também a definição de maiorias negativas”, em alusão à discordância dos partidos sobre a sua indigitação. Defendeu, ainda assim, que existe uma harmonia nos objetivos de estabilização financeira por parte do regulador e do responsável pelas Finanças, pelo que não se afigura nesse sentido, nenhum conflito. 
8 Julho 2020, 13h05

“Sinto-me qualificado, motivado e apoiado nestas funções”. Foi desta forma que o candidato a governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, encerrou a audição obrigatória no Parlamento para suceder a Carlos Costa, na qual todos os partidos, à excepção do PS, manifestaram o desacordo com a sua nomeação.

“Ao longo do período mais recente, enquanto ministro das Finanças nomeei – porque tive oportunidade de o fazer – para órgãos de supervisão pessoas que não tinham a ver, com o que alguns senhores deputados pejorativamente e até bastante desadequadamente disseram sobre os donos disto tudo, porque à frente dessas entidades de supervisão estão pessoas que estão nessas posições pelo seu mérito e não pelo seu alinhamento partidário. Basta ir ver quem são essas pessoas e qual foi o princípio que guiou sempre o Governo nessas nomeações e qual é o princípio que se está a falar. Não há aqui essa objetividade e não percebo porquê. Sinto-me qualificado, motivado e apoiado nestas funções”, vincou o ex-ministro das Finanças, no final da audição, que decorreu esta quarta-feira de manhã, na Comissão de Orçamento e Finança, no Parlamento.

Já depois do deputado da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, ter anunciado que iria colocar uma providência cautelar com o intuito de impedir a nomeação de Mário Centeno para governador do regulador bancário, Mário Centeno – que não teceu comentários sobre tal -, afirmou ser “absolutamente normal e natural também a definição de maiorias negativas” no que concerne à discordância dos partidos sobre a sua indigitação.

“Não deixa de ser curioso que alguns partidos circunstancialmente, porque só pode ser circunstancialmente, acordaram para um conjunto de dificuldades que não viram num passado muito muito recente”, disse ainda assim. Na última intervenção de uma série de três, Mário Centeno defendeu que existe uma harmonia nos objetivos de estabilização financeira por parte do regulador e do responsável pelas Finanças, pelo que não se afigura nesse sentido, nenhum conflito.

“Tivemos processos de consolidação e estabilização do setor financeiro que permitiram que Portugal tivesse um ciclo muito positivo de convergência com a União europeia. Não é possível manter esse processo se se puser em causa a estabilidade do sistema financeiro. Essa é a principal preocupação do governador do BdP e essa é a principal preocupação do ministro das Finanças de Portugal. Não há nenhum conflito nesta dimensão, entre interesse público e interesse público. Em todos eles o que está presente é o interesse nacional”, afirmou.

Ainda assim, admitiu que “podemos ter dúvidas metódicas sobre todos. Cada um de nós e achar que aquilo que é curriculum, as qualificações, o mérito que cada um de nós vai construindo ao longo da vida deve e pode ser não considerado nestas avaliações”, mas defendeu mais uma vez que “não conseguimos ter entidades independentes se essas entidades não forem lideradas por pessoas com qualificações adequadas”.

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