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Miguel Sousa Tavares acusa Governo de “usar” Festa do Avante para chamar PCP às negociações do OE2021

O comentador da TVI Miguel Sousa Tavares considera que o Governo manteve-se em silêncio sobre a festa comunista para “efeitos políticos” e acusa o PCP de uma “falta de senso e de previsão política” que lhe vai “custar votos, popularidade e prestígio”.
1 Setembro 2020, 12h34

O ex-jornalista e comentador da TVI Miguel Sousa Tavares defende que o Governo “usou” a Festa do Avante para chamar o Partido Comunista (PCP) para as negociações do Orçamento do Estado para 2021 (OE2021). Miguel Sousa Tavares considera que o Governo manteve-se em silêncio sobre a festa comunista para “efeitos políticos” e acusa o PCP de uma “falta de senso” que lhe vai “custar votos, popularidade e prestígio”.

“Transparece a ideia que o Governo usou a Festa do Avante para efeitos políticos, para chamar o PCP às negociações sobre o Orçamento do Estado. É a ideia que fica. O Governo não quis afrontar o PCP, arranjando um conflito através da Festa do Avante, porque quem manda na DGS [Direção-Geral da Saúde] é o Governo”, defendeu Miguel Sousa Tavares, esta segunda-feira, no seu espaço habitual de comentário no Jornal das 8 da TVI.

Na opinião de Miguel Sousa Tavares, o Governo poderia ter “exigido muito antes” que não houvesse Festa do Avante, dado que “há dois meses” que sabe que o PCP tenciona realizar a festa que marca anualmente a sua rentrée política, mas não o fez por questões políticas. “O Governo esteve sempre caladinho como se não tivesse nada a ver com a Festa do Avante, como se isso fosse um assunto puramente técnico e não político”, referiu.

Miguel Sousa Tavares recorda que o Governo chamou os partidos à esquerda do Partido Socialista (PS) e o partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN) para iniciar, na passada sexta-feira, as negociações para o OE2021, mas que o líder do PCP, Jerónimo de Sousa, não esteve presente. “Jerónimo de Sousa disse que não tinha agenda porque está à espera de ver o que o Governo vai decidir para a Festa do Avante e que, só depois, está disponível”, argumentou.

O comentador político da TVI considera que a DGS “esteve muitíssimo mal” e parece que só reagiu depois o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ter vindo pressionar a DGS a divulgar as orientações definidas para a festa comunista, a cinco dias do seu início. “As regras aplicadas à Festa do Avante eram secretas e ninguém sabe porquê. A DGS andou muito mal”, disse.

Sobre a realização da Festa do Avante nos moldes agora revelados, Miguel Sousa Tavares considera que o próprio PCP ficou “entalado”. “Planearam para uma dimensão e afinal têm outra”, explicou, referindo-se à redução para cerca de metade da lotação da Festa do Avante prevista pelo PCP, que inicialmente tinha apontado para 33 mil pessoas e que agora viu a entrada para o evento reduzida para cerca de 16.500 participantes.

“O PCP revelou aqui uma absoluta falta de senso e de previsão política. Isto vai-se virar contra o partido. Aliás, vê-se pela própria população do Seixal (…) Em vez de ver isto como um caso de saúde pública, o PCP viu isto como um atentado às liberdades, garantias e direitos dos trabalhadores. Vai-lhe custar votos, popularidade e prestígio”, concluiu o comentador político.

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