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Moody’s corta rating da Altice France e põe em risco os títulos colaterizados

Os CLO, um comprador crucial de empréstimos alavancados, têm limites rigorosos sobre a quantidade da dívida de alto risco mais arriscada que podem deter e podem tentar livrar-se rapidamente da dívida, segundo a Bloomberg.
28 Março 2024, 17h09

A Moody’s Ratings reduziu a notação de crédito da Altice France Holding para um dos seus níveis mais baixos, o que ameaça causar estragos nas obrigações de empréstimos colateralizados (collateralized loan obligations) que detêm a dívida da empresa.

Os CLO, um comprador crucial de empréstimos alavancados, têm limites rigorosos sobre a quantidade da dívida de alto risco mais arriscada que podem deter e podem tentar livrar-se rapidamente da dívida, segundo a Bloomberg.

Note-se que os CLO são uma forma de securitização em que os pagamentos de vários empréstimos a empresas de médio e grande porte são agrupados em várias tranches e vendidos a várias classes de investidores.

O CLO pode ser composto por hipotecas, títulos de renda fixa ou até mesmo operações de crédito bancário. Sendo um produto estruturado, visa essencialmente vender um “pacote” de fluxos de pagamento.

A agência de notação financeira Moody’s cortou a avaliação de crédito da Altice France de B3 para Caa2, ficando apenas três degraus acima da notação “C”, que classifica as empresas em incumprimento e cuja dívida apresenta baixas perspetivas de recuperação.

O corte do rating ocorreu esta quarta-feira, dias depois de a gestão ter sugerido aos credores que será necessário um perdão de dívida para ajudar a empresa a cumprir uma meta de descida do endividamento mais ambiciosa.

A notação de Caa2 atribuída na quarta-feira, 28 de março, à subsidiária da Altice para o negócio francês refere-se a empresas cujas obrigações “estão sujeitas a crédito de risco muito alto”, segundo a tabela classificativa da Moody’s.

A descida em dois níveis da Altice France Holding de B3 para Caa2 segue-se ao recente anúncio de resultados da Altice France, em que a empresa disse que esperava uma descida das receitas e que precisaria que os credores participassem em transações com desconto para ajudar a reduzir a alavancagem, escreveram os analistas da Moody’s numa nota na quarta-feira.

A empresa ainda tem uma nota B- superior da S&P Global Ratings.

A Moody’s afirmou que a descida da classificação reflecte a estrutura de capital insustentável da empresa, devido à sua elevada alavancagem e ao fraco free cash-flow, particularmente num ambiente de taxas de juro elevadas, bem como à natureza competitiva do mercado francês, à complexidade da estrutura do grupo e ao seu elevado apetite por alavancagem, e à sua fraca liquidez fruto das grandes necessidades de financiamento a partir de 2025.

“A probabilidade de incumprimento da empresa aumentou materialmente, dado que sua estrutura de capital é insustentável às taxas de juros atuais”, escreveu Ernesto Bisagno, vice-presidente da Moody’s Ratings, na nota. O “desempenho operacional e as métricas de crédito da empresa serão mais fracos do que esperávamos inicialmente”.

Segundo a Reuters, o rating da dívida da Altice France Holding foi cortado de “B3” para “Caa2”, uma descida de dois patamares que coloca a empresa apenas três degraus acima do fundo da tabela de notações da Moody’s.

O outlook é negativo, um sinal de que a agência vai manter a Altice debaixo de olho e pode voltar a descer a notação financeira.

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