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“Não cometa o mesmo erro de 1930”: o pedido de mais de mil economistas a Donald Trump

Mais de 1.100 economistas, incluindo vários Prémio Nobel e ex-assessores presidenciais, assinaram uma carta advertindo Trump sobre a estratégia das tarifas comerciais e seus efeitos sobre a economia.
3 Maio 2018, 16h31

“O Congresso ignorou o conselho dos economistas em 1930, e os americanos em todo o país pagaram o preço”, dizem mais de 1.100 economistas que assinaram uma carta, cuja publicação está marcada para esta quinta-feira. “Muito mudou desde 1930, por exemplo, o comércio é agora significativamente mais importante para a nossa economia, mas os princípios económicos fundamentais não mudaram”, diz o texto, citado pela agência Bloomberg.

A carta, organizada pela União Nacional dos Contribuintes (NTU), sediada em Washington, foi divulgada no momento em que o governo Trump viaja para a China para manter conversações que visam evitar uma guerra comercial. Essas disputas estão a nublar as perspetivas para a economia dos Estados Unidos, segundo um número cada vez maior de responsáveis do país.

“Os economistas estão bastante unidos na sua oposição à política comercial protecionista”, disse Bryan Riley, diretor da iniciativa de livre comércio da NTU, numa entrevista.

Trump está a avaliar tarifas de até 150 mil milhões de dólares em importações chinesas com base no suposto roubo de propriedade intelectual, enquanto Pequim prometeu responder com as suas próprias tarifas sobre uma ampla variedade de produtos, desde aeronaves até a soja dos Estados Unidos.

A carta original, de 1930, foi enviada há 88 anos para instar os legisladores norte-americanos a rejeitarem o Smoot-Hawley Tariff Act, mas não funcionou. A lei foi aprovada em 1930 e foi um fator-chave na guerra comercial subsequente, que aguçou a crise económica global. Os autores da carta atual, incluindo o Nobel do ano passado, Richard Thaler, e Gregory Mankiw, ex-assessor econômico do presidente George W. Bush, temem que a história se repita.

“Estamos convencidos de que um aumento nos impostos protecionistas seria um erro, eles operariam, em geral, para aumentar os preços que os consumidores locais teriam que pagar” e afetariam “a grande maioria de nossos cidadãos”, escrevem. “Poucas pessoas poderiam esperar obter lucro com essa mudança.”

Os trabalhadores dos setores de construção, transportes, comércio, bancos, hotéis, serviços públicos e outros “perderiam claramente” uma guerra tarifária, dizem os economistas, acrescentando que os agricultores seriam duplamente afetados: pagando preços mais altos para produtos importados e vendo as opções de exportação restritas.

“Uma guerra tarifária não oferece uma boa base para o crescimento da paz mundial”, conclui a carta.

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