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“Ninguém quer que as casas baixem de valor. É mau para as pessoas”, diz António Ramalho

Ex-CEO do Novobanco considera que descer o preço das casas é “um desejo um bocadinho parolo”, sendo o mesmo que dizer aos portugueses para “fazer um ‘haircut’ nos vossos depósitos”.
23 Janeiro 2024, 11h47

“Ninguém quer que as casas baixem. Podem não ter essa noção, mas é mau para as pessoas que as casas baixem de valor”. A ideia foi defendida por António Ramalho, Business Manager and Industry Fellow Católica Business School no painel intitulado ‘Country Overview’, que contou com a presença de Assunção Cristas, Associate Professor Nova Law, integrado no evento ‘2024 Portugal Market Outlook’ da consultora CBRE que decorre esta terça-feira, 23 de janeiro, no Museu do Oriente em Lisboa.

Num debate que teve vários tópicos, a habitação foi um dos temas principais com o ex-CEO do Novobanco a assumir que é um “desejo um bocadinho parolo de baixar o preço das casas é o mesmo que dizer aos portugueses vamos fazer um ‘haircut’ nos vossos depósitos”, realçando que o fundamental é criar condições para que essas casas sirvam e sejam utilizadas em termos de rendimento e naturalmente cuidar dos mercados que não têm acesso às casas neste momento.

Por sua vez, a ex-ministra da Agricultura salientou que faz parte da dignidade das pessoas terem uma casa com as mínimas condições para viverem, alertando que neste momento o país está com crises reais no domínio da habitação e que acompanham mal a nossa própria mudança estrutural da demografia. “Temos esta coisa muito portuguesa de sermos donos da nossa casa, 70% dos portugueses são donos da própria casa faz parte do sonho do português”, referiu Assunção Cristas.

Sobre este tópico António Ramalho destacou que Portugal tem perto de seis milhões de casas, das quais 70% são de habitação e 63% já foram pagas. “Adoramos tanto casas primárias como secundárias. Temos 18,5% de casas secundárias somos o país da Europa que mais casas tem”, salientou.

Por outro o lado, o ex-CEO do Novobanco olhou também para o investidor estrangeiro de gama alta que consegue aceder à habitação em Portugal, mas que tem de perceber que este é um país de proprietários, onde o fundamental é transformar a poupança que já está realizada e paga em habitação.

António Ramalho defendeu ainda que o Estado deve apoiar aqueles que não têm acesso a uma casa devido às taxas de esforço exigidas e que esse apoio do Executivo até pode ser feito com menor esforço do que aquele que se faz lá fora. “A média da Europa anda na ordem dos 7% de habitação pública, acredito que Portugal com 5% consiga resolver o problema por sermos exatamente um país de proprietários, porque esse foi o desenho que se colocou para Portugal”, afirmou.

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