“O designer e a indústria têm de dançar juntos”

Uma criança que cresceu entre esquissos e projetos de arquitetura e uma galeria de arte, que começou a fazer exposições aos cinco anos de idade e gravitava em torno de artistas, teria, mais tarde ou mais cedo, de escolher um caminho. A dúvida instalou-se. E se a veia artística de Joana Astolfi falava mais alto, a primeira conversa séria com o pai – o arquiteto carioca que trazia o mundo para dentro de casa – diz-nos, foi determinante. “Se a tua paixão é igual pela arquitetura e pela arte, então dou-te um conselho: segue arquitetura para teres uma base, porque a arte já está dentro de ti; artista já és por natureza”.

Próxima paragem? Cardiff, no País de Gales, para estudar arquitetura na Welsh School of Architecture. Seguiu-se a Alemanha. Um estágio em Munique, no prestigiado ateliê de arquitetura de Fred Angerer. Acaso? Não. Nova sugestão do pai – a sua grande inspiração – para poder desenvolver a disciplina e a parte técnica, já que loucura e criatividade não lhe faltavam.

Mon coeur balance, dizem os franceses, e o coração de Joana pendia para Londres, onde acabou por chegar. Mas se Londres lhe ensinou muito, Treviso não ficou atrás, quando Joana foi selecionada para fazer parte da equipa da Fabrica, o centro de investigação criativa da Benetton, em Itália. De regresso a Lisboa, a arquiteta-designer-artista começou a produzir as suas próprias peças e a criar “gabinetes de curiosidades”. No fundo, a gizar a sua própria linguagem, a dar forma aos seus sincretismos, ao ponto de, hoje em dia, se falar em “astolfadas”, por não haver uma expressão melhor para ‘traduzir’ as suas criações.

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