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O Pai Natal veste-se de preto

Mais de um terço dos portugueses aproveita as promoções da “Black Friday” para diminuírem gastos e conseguirem os melhores negócios na compra dos seus presentes de Natal. Conheça a história desta iniciativa, que nasceu nos Estados Unidos há cinco décadas e transformou a forma como os consumidores fazem compras.
  • Andy Rain/EPA/Lusa
24 Novembro 2017, 07h05

A ‘Black Friday’ como hoje a conhecemos nasceu nos anos 60, quando o retalho americano tentava há décadas transformar a sexta-feira a seguir ao Dia de Ação de Graças num shopping day. Um artigo de 1966 no American Dialect Society traz uma das referências mais antigas a esta ‘nova’ versão da ‘Black Friday’. Assume que este é o termo que o departamento de polícia da Filadélfia atribuiu ao dia que sucede ao dia de Ação de Graças” e lembra que “arranca de forma massiva com a época de compras natalícia”, trazendo consigo “enormes filas de trânsito e passeios inundados de pessoas”, com lojas cheias desde a abertura até ao fecho.

Os dias de promoções especiais são cada vez mais relevantes. E, a cerca de um mês do dia de Natal, as lojas começam a baixar significativamente os preços e tem início a corrida ao presente ideal para oferecer. Esta é também uma conclusão do Observador Cetelem Natal 2017, que analisou as intenções de compra dos consumidores durante a quadra natalícia. Assim, mais de um terço dos portugueses aproveitará as promoções da ‘Black Friday’, que decorre hoje, e da ‘Cyber Monday’, na próxima segunda-feira, para efetuar as suas compras de Natal.

De acordo com os mais recentes dados sobre o consumo nesta altura do ano, recolhidos pelo Observador Cetelem Natal 2017, 37% dos portugueses aproveitarão as promoções ‘Black Friday’ este ano para assim diminuírem gastos e conseguir melhores negócios na compra dos seus presentes de Natal.

Já o ‘Cyber Monday’, criado com a evolução do e-commerce, parece também estar a ganhar expressão junto dos segmentos mais familiarizados com compras online. As intenções continuam a ser menores face à ‘Black Friday’, mas ainda assim significativas, com 32% a assegurarem que vão efetuar as suas compras, nomeadamente de Natal, nas promoções da ‘Cyber Monday’, que se realiza na próxima segunda-feira, 27 de novembro.

Segundo Pedro Camarinha, diretor de distribuição do Cetelem, “assiste-se a um crescente interesse pelas promoções pré-natalícias”. Esta é uma tendência internacional cada vez mais popular e Portugal não foge à regra. “Isso é algo que nos parece perfeitamente natural, dada a forte aposta das marcas nos dias de promoções especiais e à boa resposta dos consumidores, que aderem de forma entusiasta às ações. Esta será uma boa oportunidade para fazer compras de Natal sem despender um valor tão elevado, o que vai ao encontro do que temos verificado, ou seja, uma gestão inteligente do orçamento familiar”, acrescenta. No entanto, estes são também dias em que o phishing financeiro se torna uma realidade. O relatório da Kaspersky Lab encontrou sinais que mostram uma diminuição acentuada dos ataques durante o “Grey Saturday” tanto em 2015 como em 2016. No último ano, houve uma descida de 33% no número de ataques a websites populares de marcas de retalho e de pagamento online (de cerca de 770 mil para 510 mil ataques detetados), apesar de este ser o segundo maior dia de compras em alguns países, como é o caso dos EUA.

Tradicionalmente distribuídos via email, os ataques de phishing atraem agora os consumidores através de weblinks, banners, redes sociais e muito mais, persuadindo-os a partilhar as suas informações financeiras e fazendo-os crer que estão a lidar com marcas conceituadas e reconhecidas.

“O aumento do número de pessoas que utiliza métodos de pagamento, faz compras ou acede às suas contas bancárias online mostram-nos que os ataques de phishing financeiro são agora uma constante durante todo o ano, mas a época festiva torna-os mais fáceis de camuflar no meio do ruído. Nesta época do ano, o esforço das marcas a nível de marketing e publicidade dispara, e com os consumidores cada vez mais a tratarem das suas transações nos telemóveis – provavelmente quando estão fora de casa e com pressa – quase toda a gente está mais exposta e com menos tempo para pensar e verificar”, afirma Nadezhda Demidova, analista líder de conteúdo Web da Kaspersky Lab.

Antecipando os possíveis abusos perante os clientes, o Portal da Queixa lançou o website www.blackfriday2017.pt, que será uma plataforma de consulta das melhores ofertas, de comparação de marcas, bem como de denúncia de casos de fraude.

“A plataforma online pretende ser um guia dos melhores descontos e promoções para a ‘Black Friday’, onde o consumidor poderá consultar e comparar com um acrescido reforço de confiança, tendo em conta que poderá visualizar a reputação associada a uma marca, com base no índice de satisfação que tem no Portal da Queixa”, refere o fundador e CEO do Portal da Queixa.

Pedro Lourenço adianta que também vão estar atentos às ‘Black Fraudes’: “Colocámos no site um link direto ao Portal da Queixa para que os consumidores possam rapidamente denunciar más praticas, alertando, deste modo, outros consumidores”.

O responsável pela rede social que recebe em média oito mil reclamações mensais aconselhou os consumidores a “terem muito cuidado para que aquela oferta com preço de sonho não se transforme em pesadelo por ser uma falsa promoção”.

Também a plataforma KuantoKusta disponibiliza um serviço gratuito, que permite encontrar as melhores promoções e detetar eventuais situações de fraude na Black Friday.

Esta plataforma permite aos consumidores comparar os preços de mais de 1 milhão de produtos, disponíveis em mais de 500 lojas, e ter acesso direto às promoções. Os produtos estão divididos em 15 categorias e o KantoKusta permite, através do histórico do produto, consultar o preço de um produto nos últimos 90 dias e evitar propostas fraudulentas, como o aumento do preço nos dias anteriores à ‘Black Friday’ para depois regressarem ao preço original.

Além disso, o KuantoKusta sugere aos utilizadores que criem um alerta de preços para que, caso o produto que desejam atinja o preço pretendido na ‘Black Friday’, seja criado um alerta. As compras podem ser feitas através da aplicação, sem que tenha que se deslocar às lojas físicas, permitindo-lhe evitar confusões.

Portugueses mais otimistas, mas moderados no consumo

Este ano, os portugueses estão mais otimistas em relação ao estado atual e futuro da economia nacional, contudo revelam-se moderados nas suas opções de consumo. De acordo com o Estudo de Natal 2017 da Deloitte, as famílias portuguesas preveem um gasto total de 338 euros por lar, repartido entre presentes (53%), alimentação e bebidas (34%) e eventos sociais (13%). Este valor representa um pequeno decréscimo face ao mesmo indicador apurado em 2016 (359 euros) e fica significativamente abaixo dos 550 euros no Reino Unido ou dos 526 euros em Espanha.

“O principal destaque nesta edição é a evolução muito favorável das expectativas dos consumidores portugueses em relação à sua situação económica e poder de compra. Pela primeira vez, desde que o estudo é realizado, Portugal é o mais otimista de todos os países analisados e aquele em que se observou a maior evolução face ao ano passado”, destaca Pedro Miguel Silva, Associate Partner de Retail & Consumer Products da Deloitte.

Segundo o estudo, entre 2009 e 2014 assistiu-se a uma queda superior a 50% no consumo estimado pelos portugueses para a época natalícia, de 620 euros para 270 euros por agregado familiar. Esta tendência inverteu-se a partir de 2014, observando-se nos dois anos seguintes uma tendência crescente.

A distribuição do consumo previsto para este ano mantém-se idêntica à do consumo declarado no ano anterior: dos 338 euros estimados para esta quadra, as famílias portuguesas preveem gastar 179 euros em presentes, 115 euros em alimentação e bebidas e 44 euros em eventos sociais.

As promoções (50%), a situação económica mais segura (38%) e o aumento do rendimento disponível (32%) são referidos como os principais motivos para aumentar a despesa durante as festividades de Natal e Ano Novo. O facto de a situação económica estar mais segura ganha relevância face a 2016, passando de 18% para 38%. Pelo contrário, a necessidade de diversão e de evitar pensar na incerteza económica perde relevância face ao ano passado, embora continue a ser o motivo mais referido pelos europeus.

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