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“O que se fez em Lisboa, pode-se fazer nas zonas deprimidas do País”, defende António Costa

“Teremos cada vez mais de deixar de pensar num mercado de apenas 10 milhões de pessoas, mas num mercado médio de 60 milhões de pessoas”, realçou primeiro-ministro na inauguração no novo terminal de cruzeiros de Lisboa.
  • Cristina Bernardo
10 Novembro 2017, 13h45

“O que se fez aqui em Lisboa, na zona da Baixa-Chiado e na frente ribeirinha nos últimos dez anos é a prova que se vai conseguir, nos próximos dez anos, fazer o mesmo nas zonas deprimidas do País, em particular nas zonas do interior, até porque essas zonas estão mais perto do centro económico da Península Ibérica e teremos cada vez mais de deixar de pensar num mercado de apenas 10 milhões de pessoas, mas num mercado médio de 60 milhões de pessoas”, defendeu hoje António Costa, na cerimónia de inauguração do novo terminal de cruzeiros de Lisboa, na zona de Santa Apolónia.

O primeiro-ministro relembrou que está hoje provada a razão de ser da criação, por si decidida há dez anos, enquanto presidente da Câmara Municipal de Lisboa, da Comissão de Revitalização da Baixa-Chiado, “quando agora toda a gente se queixa todos os dias do excesso de pessoas na Baixa-Chiado”.

“Isto só demonstra que se é possível fazer, só há uma coisa, é fazer”, sublinhou António Costa numa panorâmica mais geral sobre o País, numa alusão à reconstrução que é necessário efetuar nas zonas do país mais afetadas pelos incêndios dos últimos meses.

Sobre o novo terminal de cruzeiros de Lisboa, António Costa destacou que foi um projeto que atravessou três Governos e quatro mandatos autárquicos na capital.

“Isto deve demonstrar ao País que em grandes investimentos de infraestruturas são necessários entendimentos alargados”, alertou o primeiro-ministro.

António Costa relembrou que o turismo vale neste momento 7% do PIB – Produto Interno Bruto Nacional e 18% das exportações.

“Mas podemos ainda reforçar significativamente o peso do turismo na economia nacional. Para isso, temos de diversificar a nossa oferta para garantir que o turismo não é sazonal, que não oferece só sol e praia, que nos 365 dias dias do ano gera riqueza”, alertou o chefe de Governo, dando como exemplos de diversificação o turismo de congressos – como foi o caso recente da Web Summit – e o turismo de cruzeiros.

António Costa relembrou que a indústria de cruzeiros aumentou 62% a nível mundial na última década e acredita que esta pode ser “uma área de franco crescimento no futuro”, tendo em conta a localização geoestratégica única de portugal, funcionando como ponto de encontro entre o Atlântico Norte e o Atlântico Sul e entre o Atlântico e o Mediterrâneo.

O primeiro-ministro deu como exemplo o porto de Leixões, onde está em funcionamento há pouco mais de um ano o novo terminal de cruzeiros, revelando que no primeiro semestre deste ano, o número de passageiros de navios de cruzeiro aumentou 50% face ao período homólogo.

“Este é um bom caso em que Lisboa só tem de imitar o Porto”, ironizou António Costa.

O novo terminal de cruzeiros de Lisboa demorou mais de 11 anos a ser uma realidade e custou 77 milhões de euros, 54 milhões de euros de investimento público e 23 milhões de euros da responsabilidade do consórcio privado formado pela Global Ports Holding (Turquia), Royal Caribbean (Estados Unidos) e Grupo Sousa, um grupo nacional som sede na Madeira.

Este consórcio privado ganhou em 2014 o concurso público internacional para a concessão deste terminal por um prazo de 35 anos.

O edifício é da autoria do arquiteto Carrilho da Graça e foi atribuído também após a realização de um concurso público internacional que recebeu 37 propostas.

O novo terminal tem capacidade para receber 800 mil passageiros por ano e uma área total de 65 mil metros quadrados.  No ano passado, o porto de Lisboa recebeu mais de 522 mil passageiros de navios de cruzeiro.

Na cerimónia, além de António Costa, estiveram presentes mais quatro ministros do Governo: Ana Paula Vitorino, ministra do Mar; Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna; Manuel Caldeira Cabral, ministro da Economia; e Pedro Marques, ministro do Planeamento e das Infraestruturas.

Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, também marcou presença na inauguração, assim como Emre Sayin, CEO da Global Ports Holding; e Luís Miguel Sousa, presidente da Lisbon Cruise Terminals, empresa do consórcio responsável pela gestão do novo terminal.

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