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OE2020: Acusação de falta de seriedade de Moisés Ferreira a André Ventura marca discussão na especialidade

Deputado do Chega recorreu à defesa da honra para responder ao bloquista, que o considerou “fora de jogo” no que toca ao Serviço Nacional de Saúde e ao Estado Social. Mas também Cecília Meireles criticou Moisés Ferreira por palavras que “o qualificam mais a si do que a qualquer um de nós”.
  • Mário Cruz/Lusa
4 Fevereiro 2020, 13h47

Os deputados Moisés Ferreira e André Ventura protagonizaram um incidente que marcou o segundo dia de discussão e votação de alterações ao Orçamento do Estado para 2020, que está a decorrer na Assembleia da República nesta terça-feira, quando o eleito pelo Bloco de Esquerda acusou o deputado único do Chega de não ser “gente séria”. Em causa estava uma posição de Ventura quanto ao Serviço Nacional de Saúde, tendo Moisés Ferreira alegado que estaria “a renegar o programa do seu partido”, visto que esse documento afastava o Estado da prestação de serviços de saúde.

“A política de saúde é uma discussão séria, que precisa de gente séria, e não encontramos na bancada do Chega gente séria”, disse Moisés Ferreira, reforçando que “não encontramos gente séria daquele lado nesta discussão” enquanto olhava para o lado do hemiciclo onde se encontram os partidos mais à direita.

Alegando defesa da honra, André Ventura disse que não aceita “lições de moral e de carácter” do parlamentar bloquista. “Não lhe admito que coloque o carácter e a honra de qualquer pessoa, e muito menos da minha”, disse o deputado único do Chega, que ouviu Moisés Ferreira reafirmar a acusação de falta de seriedade.

“Numa terminologia que talvez entenda melhor, no que toca ao Serviço Nacional de Saúde e no que toca ao Estado Social o senhor deputado está fora de jogo”, rematou Moisés Ferreira, numa referência ao facto de André Ventura ser, além de deputado e professor universitário, comentador desportivo na CMTV.

Ventura tentou voltar a requerer defesa da honra, mas o vice-presidente da Assembleia da República, José Manuel Pureza, também deputado do Bloco de Esquerda, recusou voltar a dar-lhe a palavra, pedindo a todos os grupos parlamentares e deputados únicos moderação num “debate acalorado”.

Antes, a líder do grupo parlamentar do CDS-PP, Cecília Meireles, recorrera também à defesa da honra, dirigindo-se a uma “mesa da Assembleia da República bastante zelosa em tudo o que é dito e no respeito que devemos todos merecer”, para responder à afirmação de Moisés Ferreira de que “não há gente séria” no lado do hemiciclo em que os deputados populares se encontram. “Terá as discussões que entender com a bancada do Chega, num nível que o qualifica mais a si do que a qualquer um de nós”, disse Cecília Meireles a Moisés Ferreira, dizendo que “há coisas que não são admissíveis”.

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