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Todos de olho nos pagamentos digitais

Num país em que o multibanco domina as preferências dos consumidores, começam a surgir novos métodos de pagamento digitais alternativos. Os bancos, as tecnológicas, incluindo as fintech, e outros operadores estão atentos e a preparar-se. Em breve, o crescimento vai ser exponencial.
  • REUTERS / Dado Ruvic
14 Novembro 2016, 16h35

Os pagamentos estão a mudar, com a introdução de novos métodos digitais. As novidades surgem dos mais variados quadrantes de um vasto ecossistema que inclui o setor bancário e financeiro, empresas tecnológicas, desde a mais pequena fintech à consultora mais global, entre muitos outros players. Apesar do perfil de early adopters de tecnologias, os portugueses estão a ser mais lentos do que o habitual na adesão a estes novos formatos. Em causa está a predominância, em Portugal, do Multibanco como método de pagamento de eleição, algo único a nível mundial. No entanto, uma coisa é certa: o futuro passa por novos formatos de pagamento digitais, alguns dos quais já disponíveis.

Para além do Multibanco, os portugueses preferem, pagar através de transferência bancária, utilizando também cartões de crédito e outros métodos como o PayPal, o MBNet e o MBWay. Mas tudo se vai alterar no domínio dos meios de pagamento. Nos próximos cinco anos, “vamos viver mais mudanças do que nos últimos 50 anos”, antecipa Paulo Raposo, country manager da Mastercard em Portugal. A Mastercard espera que 2,7 mil milhões utilizadores de smartphones façam mais de 200 mil milhões de transações anuais, em 2019.

Em Portugal, Nilo Fonseca, presidente da ACEPI – Associação da Economia Digital, refere que cerca de 30% dos portugueses já compra online, gastando em média 1.190 euros, um valor aproximado da média europeia.

O mercado empresarial português (B2B e B2G) está na generalidade numa fase embrionária, mas é bastante desenvolvido no que toca às compras do Estado. Por defeito, o Estado compra por via eletrónica desde 2009. Esta obrigatoriedade contribuiu para o aumento das transações, antecipando-se, diz a ACEPI, que esse valor concretizado através de plataformas eletrónicas atinja os 132 mil milhões de euros em 2025.

A tendência é para que surja uma grande variedade de métodos de pagamentos, cada vez mais sofisticados nos próximos anos. Os players assinalam que mais que tecnologia, é necessário mudar mentalidades e sensibilizar os consumidores para os cuidados a ter aquando da utilização de métodos de pagamento digitais.

Métodos de pagamento variados

Os novos métodos de pagamento eletrónicos são cada vez mais e mais diferenciados. A banca e os serviços financeiros tradicionais têm de adaptar-se a esta nova realidade e estão a fazê-lo. Tal como em outras matérias tecnológicas em que os portugueses primam por ser early adopters, o mesmo se passa com o universo dos pagamentos digitais, embora a adesão esteja a acontecer de uma forma mais gradual.

Mais otimistas ou mais cautelosos, uma coisa é certa: todos os players contactados pelo Jornal Económico acreditam que o futuro dos pagamentos passa por novos métodos digitais. A limitar o desenvolvimento mais acelerado: uma rede multibanco sedimentada e multifacetada sem paralelo noutros países.

Como já referido, o principal método de pagamento eletrónico utilizado em Portugal continua a ser a referência multibanco, de acordo com a ACEPI. É uma idiossincrasia do país. O Multibanco não tem paralelo noutros mercados, permitindo fazer não só pagamentos numa rede única, de grande capilaridade e de fácil acesso, transversal a toda a banca, mas também prestar uma miríade de outros serviços.

Alexandre Nilo Fonseca, citando os mais recentes dados do estudo sobre a Economia e a Sociedade Digital, publicado em outubro pela ACEPI/IDC, explica que “em Portugal as pessoas estão tão familiarizadas com o sistema que o utilizam para pagar desde os impostos às telecomunicações, passando pela água e pelo gás. É um sistema de pagamentos com o qual se sentem particularmente confortáveis”, enquadra o presidente da ACEPI.

A maior lentidão na adoção de outro métodos eletrónicos, refere Rita Lourenço, head of Cards & Payments do Millennium BCP, está relacionada com as “dificuldades económicas dos últimos anos” e com a “comodidade dos atuais modos e instrumentos de pagamentos” existentes em Portugal. Esta preferência, “induz uma certa inércia no mercado face a novos meios/canais que têm experimentado alguma dificuldade em conquistar o seu espaço”, assinala Rita Lourenço.

Mas, apesar da resistência, a preferência pelo Multibanco não impede os portugueses de utilizar outros meios de pagamento como as transferências bancárias (método preferido pelas empresas nos seus pagamentos), o cartão de crédito/débito ou outros métodos mais recentes como o PayPal, o MBNet e o MBWay, de acordo com a ACEPI.

“Nos próximos cinco anos vamos viver mais mudanças” no domínio dos meios de pagamento “do que nos últimos 50 anos”, assinala Paulo Raposo, da Mastercard . “O futuro é móvel e os smartphones estarão no centro das transações”. A nível mundial, espera-se que, em 2019, 2,7 mil milhões de utilizadores de smartphones façam mais de 200 mil milhões de transações anuais, segundo dados da Mastercard. Para sustentar este volume a Mastercard criou “uma plataforma global interoperável que permite todo o tipo de transações digitais e melhora a experiência do consumidor”, a Masterpass, já disponível em 33 mercados.

Nilo Fonseca refere que cerca de 30% da população portuguesa (à volta de 3 milhões de pessoas) faz compras online e gastou, em 2015, 3,8 mil milhões de euros em bens e serviços adquiridos através da Internet. O valor médio das compras anual rondou os 1.190 euros por pessoa, um valor aproximado da média Europeia. Perto de metade das compras online dos portugueses – que incluem desde a bilhética, a roupa, livros, eletrónica, viagens, férias, produtos financeiros ou música – foram realizadas em sites estrangeiros (cerca de 45%).

Por seu lado, dados da consultora Nielsen apontam para que 68% dos portugueses admitam vir a utilizar os seus aparelhos mobile para fazer pagamentos, mais do que a média europeia. E o Gartner refere que, até ao final deste ano, o total de vendas online feitas exclusivamente através de sistemas móveis digitais atingirá os dois mil milhões de dólares (aproximadamente 1,8 mil milhões de euros).

“Os consumidores estão a adotar cada vez mais os meios de pagamento eletrónicos e os comerciantes vendem cada vez mais online, sendo cada vez mais ténues as linhas que separam o online do offline”, como sintetiza Nuno Sebastião, CEO e cofundador da fintech Feedzai.

No mercado empresarial português, nas relações entre empresas e das empresas com o Governo (B2B e B2G), o panorama, apesar de com maior volume, é ainda embrionário, sendo no entanto bastante desenvolvido no que toca às compras do Estado. Em 2009, o Estado passou a realizar as suas compras, maioritariamente, e por defeito, através de formatos eletrónicos. Graças a esta obrigatoriedade, as transações naturalmente aumentaram. Nilo Fonseca assinala que “o que o Estado compra e o que empresas compram a outras empresas por meios eletrónicos atingiu quase 58 mil milhões de euros em 2015”. A ACEPI/IDC esperam que esse o valor de transações concretizadas através de plataformas eletrónicas atinja os 132 mil milhões de euros em 2025.

É neste segmento que a Saphety opera. A empresa disponibiliza soluções de eBusiness que permitem aos clientes otimizar as relações com os seus parceiros através da desmaterialização dos processos de negócio. Deste modo, a Saphety disponibiliza aos seus clientes soluções de eBusiness que cobrem todo o processo de negócio (sourcing, contratação/negociação, compras e faturas). Rui Fontoura, CEO da Saphety, assinala que a empresa tem assumido um papel muito ativo na última década, “sendo um parceiro estratégico do Estado português nas compras, contratação pública eletrónica e fatura eletrónica”. No setor privado também, “apoiando um conjunto muito alargado de grandes empresas, quer nas compras eletrónicas como na fatura eletrónica, onde assume um posicionamento dominante”, explica o CEO. A tecnológica tem igualmente apostado na internacionalização: “os mercados internacionais representam atualmente mais de 46% do volume de negócios”.

Ainda este ano a Saphety vai lançar uma nova solução de faturação eletrónica, “que permitirá disponibilizar uma série de serviços sobre a fatura, nomeadamente o seu pagamento ou o seu adiantamento”. A estratégia da empresa, que espera crescer mais de 20% em 2017 (prevê faturar 8,1 milhões de euros este ano), é “continuar a evoluir a sua oferta para reforçar o posicionamento nos setores público, retalho, telecomunicações, automóvel e saúde.

Para além destes métodos de pagamento, que embora eletrónicos acabam por já ter algum histórico, a tendência é para que os pagamentos digitais evoluam substancialmente nos próximos anos. Esta hipótese é corroborada por várias empresas no terreno: “espera-se a transferência definitiva dos pagamentos para wearables ou telemóveis”, antecipando-se que o serviço ao cliente seja personalizado e realizado através de telemóveis ou sistemas de realidade virtual, detalha Olga Blanco Bezanilla, diretora de mercados digitais da Indra.

O presidente da Chronopost, Olivier Establet, exemplifica com a sua empresa: “nos pagamentos de encomendas à cobrança no setor B2B, constatamos uma estabilização dos pagamentos feitos por numerário e cheque”, já no mercado B2C “registamos uma evolução bastante crescente das formas de pagamento eletrónicas com a consequente redução do peso da banca tradicional”. A empresa pondera mesmo colocar máquinas de depósitos de notas e moedas para os pagamentos dos reembolsos de cobranças, substituindo também o serviço mais tradicional dos bancos.

MBWay: um por todos e todos por um

O MBWay é uma solução da SIBS  que permite pagar e fazer transferências através do telemóvel ou do tablet. Através do MBWay o utilizador pode ter uma wallet no telemóvel, ou seja, associar cartões bancários ao número de telemóvel para efetuar pagamentos ou fazer transferências. A solução MBNet, integrada no MBWay, gera cartões virtuais para pagar online, em segurança, nos sites que aceitam pagamentos com o American Express, MasterCard ou Visa. O Millennium BCP e o Novo Banco são dois dos dinamizadores deste método e alguns fabricantes de soluções tecnológicas têm vindo a incluir este método de pagamento, desenvolvido pela SIBS, nas suas aplicações. É o caso da plataforma da ITSector que, integrada com serviços MBWay, permite ao comerciante disponibilizar aquele método de pagamento, gerindo todas as transações efetuadas por esta via, explica Joana Alves, diretora de Marketing da ITSector.

Utilizador: o elo mais fraco da segurança

De um modo geral, os métodos de pagamento digitais são bastante seguros, assevera João Pedro Duarte, country manager da SEQR Portugal, em particular os pagamentos através de telemóveis, “pois não existe informação sensível a passar de um lado para o outro”.

No entanto, a perceção do utilizador é outra. De qualquer modo, João Pedro Duarte acredita que a adesão a novos métodos de pagamento vai aumentar com a mudança de mentalidades do utilizador e da conquista de credibilidade junto deste.

De acordo com a Nielsen, apesar da apetência para a utilização dos telemóveis para pagar, 61% dos portugueses apontam a segurança como uma preocupação, considerando que “a melhoria das medidas de segurança seria um incentivo” para a utilização desses métodos. Como corrobora Rui Duro, sales manager da Check Point em Portugal: “as aplicações de pagamentos móveis ainda são vistas como inseguras pelos clientes”.

Como habitualmente, do ponto de vista tecnológico não existem obstáculos. As soluções de segurança existem, funcionam quando utilizadas de forma adequada, são atualizadas constantemente para acompanhar as ameaças que vão surgindo e, cada vez mais, procurando antecipar os ataques. O elo mais fraco continua a ser o utilizador. O principal risco de segurança das soluções de pagamentos é “a falta de consciencialização e formação dos utilizadores para as soluções”, diz Jose Selvi, analista na Kaspersky Lab.

A opinião é partilhada pela Check Point: “não nos cansamos de aconselhar as empresas a formar os seus colaboradores para que naveguem de forma segura e recomendamos ainda a implementação de soluções avançadas de cibersegurança”, mais eficazes para fazer face a ameaças mais sofisticadas, explica Rui Duro. Em Portugal, a Check Point alertou recentemente “para o facto de o sistema Paypal ser a principal empresa utilizada pelos hackers para os ataques de phishing”.

Como aumentar a segurança

Os meios de pagamento contactless estão já presentes em 16 mil terminais em Portugal, segundo dados disponibilizados pela Unicre ao Jornal Económico. “Registou-se um crescimento de 190% no número de transações” nos últimos 12 meses, disse a porta-voz da Unicre. “É um método útil com benefícios para clientes e comerciantes, mais evidentes nos estabelecimentos comerciais de grande tráfego ou com picos de atendimento de clientes e com compras médias de 20 euros, como é o caso da restauração”.

Para aumentar a segurança, os fabricantes de soluções de segurança recomendam a compra em websites seguros e de confiança, o recurso a certificados SSL, tecnologia SET entre outros. Os cartões de crédito devem ser pré-pagos e carregados com o valor estritamente necessário e deve evitar-se comprar fora da União Europeia, pois poderá ter problemas em caso de necessidade de reclamar. Naturalmente, para além do dispositivo/método utilizado, também a rede de acesso tem de ser segura.

Para os métodos de pagamentos contactless no mundo físico, Jose Selvi recomenda a utilização de “capas e carteiras de proteção dos cartões para evitar fazer pagamentos inadvertidamente”.

Um exemplo de pagamento contactless é a aplicação mobile wallet da SEQR, disponível para smartphones Android com tecnologia NFC embutida, que “pode estar diretamente associada a qualquer conta bancária e funcionar de forma totalmente independente da tradicional infraestrutura de cartões bancários existente”, com custos reduzidos para os lojistas, detalha João Pedro Duarte, da SEQR. Do ponto de vista da segurança, a m-wallet da SEQR obriga a vários fatores de autenticação durante o processo de registo e na utilização no dia a dia, mediante à dupla autenticação.

No futuro, a Inteligência Artificial e o machine learning irão permitir detetar anomalias no comportamento do consumidor, lançando alertas ou cancelando proactivamente os meios de pagamento. É relativamente simples copiar cartões de crédito quando comparado com a imitação de comportamentos de um utilizador. A biometria vai ser também fundamental para a segurança. Impressões digitais, reconhecimento facial, das veias dos olhos ou do formato das orelhas serão gradualmente introduzidas pelas empresas para dar segurança aos processos de negócio, nomeadamente no setor da banca e do retalho.

Mas já há casos concretos de aplicação da biometria. A Mastercard desenvolveu a solução ID Check, uma tecnologia que recorre a dados biométricos como a impressão digital ou o reconhecimento facial para verificar a identidade do detentor do cartão, simplificando as compras online. A solução ainda não está disponível em Portugal.

O impacto na banca

Como está a banca tradicional a reagir às novas formas de pagamento? Se por um lado, há quem augure o fim da banca tradicional e até do próprio papel-moeda, a banca mantém-se firme e tira partido das novas tecnologias para se modernizar. Em suma, a banca vai ter de criar valor através de tecnologias disruptivas, assinala Olga Blanco Bezanilla, da Indra. Algo que já podemos observar.

No caso do Millennium BCP os novos meios de pagamento têm tido um impacto muito positivo no negócio. “O processo de inovação associado aos meios de pagamento potencia, dinamiza e alavanca a utilização destes, uma vez que não se trata propriamente de novos meios, mas sim de nova tecnologia, novo interface com os clientes, novos canais e novas formas de utilização”, defende Rita Lourenço, do Millennium BCP. Esta dinâmica permite o “estabelecimento de novos modelos de negócio ou a atualização dos existentes modernizando a banca tradicional”, conclui

Já o Novo Banco assinala que os novos meios de pagamento – transferências facilitadas no espaço europeu, cartões com chip, cartões virtuais, wallets, etc. – são evoluções naturais dos métodos de pagamento mais tradicionais. São serviços que a “banca presta e continuará a prestar com a mesma segurança, qualidade e inovação” defende o diretor coordenador do departamento crédito particulares e cartões do Novo Banco, Luís Rocha dos Reis. Assinala, no entanto, que o estado embrionário dessas inovações e o reduzido volume transacionado, algo que deverá alterar-se em breve passando a representar uma “fatia significativa da das transações efetuadas pelos nossos clientes”. O Novo Banco lançou recentemente soluções de aceitação do MBWay para plataformas de eCommerce, call centres e para os tradicionais POS.

A inovação surge por vezes de onde menos se espera. É o caso do Banco CTT, “um banco que tem capacidade para disponibilizar aos clientes um processo de abertura de conta totalmente digitalizado e paperless end to end. O Banco CTT tem pouco mais de seis meses, deverá chegar ao final do ano com 200 lojas abertas. “Assume-se com um posicionamento de fintech procurando estabelecer parcerias com outras fintech para o desenvolvimento de melhores produtos e serviços financeiros para as famílias portuguesas”, assinala o administrador do Banco CTT, João Mello Franco. A diferenciação deste banco passa pela oferta digital e de produtos. “É de destacar a forte utilização da oferta digital – mobile e homebanking – acima das referências em bancos tradicionais”, afirma o administrador.

A estratégia do Banco CTT passa por continuar a evoluir as plataformas digitais, “posicionando-se como uma referência na área de mobile banking”, explica João Mello Franco. No corrente mês de outubro lançou um cartão de crédito e em 2017 avançará para o crédito habitação.

Chronopost e Vodafone no terreno

Os casos de utilização de novos métodos de pagamento multiplicam-se. A Chronopost, através dos seus circuitos de distribuição e nas suas 500 lojas Pick-up (nas quais os destinatários podem levantar encomendas), dispõe de 850 terminais de pagamento automático e vai em breve disponibilizar aos clientes a possibilidade pagamentos através de MBWay e por contactless, avança Olivier Establet, presidente da Chronopost Portugal. Em simultâneo, a operadora de transportes expresso está atenta às novas apps que vão surgindo no mercado que funcionem como interfaces de pagamento para as poderem instalar e adaptar aos dispositivos de pagamento da empresa.

A Vodafone é outro exemplo de inovação em matéria de pagamento em plataformas digitais. Um porta-voz da operadora explicou que o “m.Ticket da Vodafone foi lançado em 2010 para a compra de bilhetes através do telemóvel para o Rock in Rio-Lisboa”. Segundo o responsável, “a adesão foi tão positiva que o sistema de mobile ticketing” se estendeu a outros todos os festivais de música, com a introdução de vantagens exclusivas, como descontos especiais ou a possibilidade de entrar antes da abertura de portas nos recintos dos festivais.

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