[weglot_switcher]

OPA: Fundo americano exige aos chineses da CTG subida da oferta pela EDP

Além da revisão da oferta, o fundo Elliott exige saber o que a CTG pretende fazer à EDP e nas questões regulatórias que a OPA enfrenta em Portugal, na Europa e nos Estados Unidos. Os americanos criticam a forma como a CTG está a conduzir a OPA e considera que poderá mesmo provocar um “enfraquecimento da EDP”.
14 Fevereiro 2019, 08h27

O fundo norte-americano Elliott exige que a China Three Gorges (CTG) aumente a oferta pela EDP no âmbito da Oferta Pública de Aquisição (OPA). A exigência consta de uma carta enviada pela Elliott esta quinta-feira, 14 de fevereiro, ao presidente do conselho geral e de supervisão da EDP, Luís Amado. É neste órgão que se sentam os principais acionistas da elétrica, incluindo, precisamente, a China Three Gorges.

A Elliott destaca que a “oferta atual da CTG não demonstra quaisquer sinais de progresso e não terá hipótese de sucesso se o seguinte não se verificar”, como “uma revisão da contrapartida da Oferta que reflita o valor justo da EDP”.

O fundo abutre também exige “clareza quanto às intenções da CTG relativamente à resolução das questões do chamado “unbundling”, referindo-se às barreiras regulatórias que a OPA EDP/CTG pode enfrentar em Portugal, pois a legislação europeia proibe que empresas de produção de eletricidade (EDP) e de transporte de eletricidade (REN) sejam detidas pela mesma entidade, o que pode vir a acontecer pois duas empresas estatais chinesas estão na EDP e na REN: A CTG e a China State Grid.

Em terceiro, o fundo norte-americano quer uma “explicação detalhada e satisfatória sobre o plano estratégico para a EDP e os ativos que a CTG pretende contribuir”, declara.

Por último, a Elliott exige um “empenho sério na resolução das questões regulatórias e jusconcorrenciais, por exemplo a aprovação do CFIUS”, referindo-se ao regulador norte-americano que vigia os investimentos estrangeiros nos Estados Unidos.

Esta carta também foi enviadas aos restantes membros do CGS e aos membros do conselho de administração executivo, liderado por António Mexia, segundo o documento divulgado.

A Elliott é detida por Paul Elliott Singer, conhecido por “abutre” da Argentina, nas palavras do anterior governo argentino, por não aceitar uma redução da dívida argentina detida por si, depois de Buenos Aires ter chegado a acordo com a maioria dos seus credores.

A CTG oferece 3,26 euros por cada ação da EDP na OPA, com a companhia a negociar esta quinta-feira a 3,237 euros na bolsa de Lisboa.

Este fundo detem atualmente 2,9% da EDP, encontrando-se entre os 10 principais investidores da companhia. Já a CTG detém 23,27% da elétrica liderada por António Mexia.

OPA da CTG poderá provocar um “enfraquecimento da EDP”

Na missiva, o fundo Elliott também critica a forma como a oferta pública de aquisição está a ser conduzida pela China Three Gorges.

“É evidente para nós, e para muitos outros acionistas, que a oferta da CTG, tal como se encontra atualmente, não favorece os melhores interesses dos stakeholders da EDP e, em última análise, conduzirá a um enfraquecimento da EDP que será: uma empresa mais volátil, com um conjunto de ativos menos atrativo e com poucas oportunidades de crescimento”, segundo o documento.

“A estagnação da oferta teve como efeito prático impedir o crescimento da EDP, o que originou má performance do valor das ações da EDP relativamente às outras empresas do sector”, declara o fundo.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.