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Petrobras pede desculpa a dois mil funcionários investigados na Lava Jato  

“Inocentes foram perseguidos. Resultado disso é que estamos a entregar cerca de duas mil cartas pedindo desculpas às pessoas envolvidas e aos seus familiares pelos danos causados”, disse Castello Branco, presidente da petrolífera brasileira.
10 Dezembro 2019, 08h30

A petrolífera estatal brasileira Petrobras está a enviar cartas com pedidos de desculpa a dois mil funcionários que foram investigados no âmbito da Operação Lava Jato nos últimos cinco anos, e que estavam inocentes, segundo a imprensa local.

A informação foi avançada na segunda-feira pelo próprio presidente da empresa, Roberto Castello Branco, num evento no Rio de Janeiro, onde aproveitou para se desculpar em público pela aplicação de regras de forma “excessiva” a partir do envolvimento da companhia no escândalo da Lava Jato, maior operação contra a corrupção no país.

“Em vez de investigar e punir as pessoas que realmente cometiam atos dolosos, inocentes foram perseguidos. Resultado disso é que estamos a entregar cerca de duas mil cartas pedindo desculpas às pessoas envolvidas e aos seus familiares pelos danos causados”, disse Castello Branco na sede da Petrobras.

“Aproveito esta oportunidade para pedir desculpas pessoalmente, como presidente da companhia, em nome da Petrobras, a todos aqueles que foram injustiçados e aos seus familiares”, declarou o economista brasileiro, na ocasião em que se celebrava o Dia Internacional do Combate à Corrupção.

A operação Lava Jato, iniciada em 2014, desvendou um vasto esquema bilionário de corrupção envolvendo a petrolífera Petrobras e outros órgãos públicos brasileiros, que levou à prisão de empresários, ex-funcionários públicos e políticos, entre eles o ex-Presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.

“Sei que não é suficiente e não vamos apagar da mente e da memória das pessoas, mas considero muito importante um pedido de desculpas àqueles que foram vítimas do que eu chamo de ‘jacobinismo’, de excessos”, acrescentou Roberto Castello Branco, citado pela imprensa brasileira.

Roberto Castello Branco foi anunciado como presidente da petrolífera estatal em novembro do ano passado pela equipa económica do chefe de Estado do Brasil, Jair Bolsonaro, logo após as eleições presidenciais no país.

A estatal brasileira anunciou na segunda-feira, em comunicado, que finalizou a venda da totalidade da sua participação em 34 campos de produção terrestres, localizados na Bacia Potiguar, no estado do Rio Grande do Norte, para a Potiguar E&P S.A, subsidiária da companhia brasileira Petrorecôncavo S.A.

A operação foi concluída com o pagamento de 266 milhões de dólares (240 milhões de euros) para a Petrobras, após o cumprimento de todas as condições precedentes e ajustes previstos no contrato. A estatal já havia recebido 28,8 milhões de dólares (26 milhões de euros) a título de depósito na data de assinatura, em abril de 2019.

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