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Petróleo abaixo dos 90 dólares, mas pode ser por pouco tempo

Apesar das crises no Médio Oriente e na Ucrânia, o Brent fechou nos 87 dólares. Mas o regresso das sanções dos EUA sobre o petróleo da Venezuela deve atirar os preços para novo pico muito em breve.
18 Abril 2024, 09h56

Contra as expectativas dos mais pessimistas face às crises ‘paralelas’ do Médio Oriente e do Donbass, o preço do petróleo registou uma queda de 3% após a publicação da dimensão das reservas de petróleo dos Estados Unidos, atingindo o máximo dos últimos dez meses. Isso levou o preço do petróleo de referência cotado na Europa, o Brent, abaixo dos 90 dólares – tendo fechado nos 87 dólares.

Os dados dos Estados Unidos ofuscaram assim o impacto das tensões geopolíticas no Médio Oriente e na Ucrânia. No entanto, existem novas razões para os analistas pensarem num aumento do preço do petróleo bruto no curto e médio prazos – até que volte a ultrapassar os 90 dólares por barril.

Enquanto continuam os cortes de abastecimento por parte dos países membros do cartel da OPEP e dos seus aliados (OPEP+), as novas sanções dos Estados Unidos ao petróleo venezuelano concentraram todas as atenções. Desta forma, Joe Biden põe fim à trégua de seis meses face às fontes petrolíferas de Nicolás Maduro.

É que o governo dos Estados Unidos decidiu esta quarta-feira restabelecer algumas das sanções ao sector petrolífero e do gás da Venezuela. O anúncio representa o fim da chamada ‘Licença 44’, que permitiu à maioria das petrolíferas dos Estados Unidos fazer negócios na Venezuela, e à estatal Petróleos da Venezuela vender o seu petróleo nos Estados Unidos e usar o seu sistema financeiro para pagar credores e cobrar dívidas.

Washington argumenta que o governo de Nicolás Maduro “não abriu o processo democrático”, como tinha prometido em outubro à oposição reunida na Plataforma Unitária, nos acordos assinados em Barbados.

No entanto, os Estados Unidos não fecharam completamente a porta ao diálogo com Maduro e procuram “uma conversa pragmática para colocar o processo de regresso ao alinhamento”, segundo as fontes citadas pela CNN. “Há decisões que o governo da Venezuela vai tomar que iremos observar e esperamos que tenham como fim a possibilidade de os venezuelanos irem livremente às urnas”, afirmaram essas fontes.

Todas as atividades abrangidas pelo acordo Licença 44 terminarão antes de 31 de maio, o que dá às empresas 45 dias para reduzir as suas atividades na Venezuela. Os Estados Unidos deixarão em vigor a Licença 41, que permite à Chevron exportar petróleo bruto venezuelano graças a uma parceria que mantém com a Petróleos de Venezuela.

Ainda segundo a “CNN”, o Departamento do Tesouro dos EUA não sabe quantos negócios resultaram da emissão da Licença 44. A autorização serviu para que empresas indianas e chinesas comprassem petróleo bruto na Venezuela sem se exporem às sanções dos Estados Unidos. Desde que a licença da Chevron foi emitida (em 2022), a Venezuela registou um crescimento considerável da produção após anos de colapso.

Este ano, a economia da Venezuela deve ser das que mais cresce entre as principais economias sul-americanas, de acordo com as últimas perspetivas económicas do FMI.

O ministro do Petróleo venezuelano, Pedro Tellechea, disse à CNN que o país está disposto a arcar com o custo das novas sanções. “Com estas sanções e a guerra no Médio Oriente, os preços do petróleo dispararão e isso conduzirá a um aumento dos preços do gás nos Estados Unidos. Os danos causados ​​por estas sanções] não se limitam à Venezuela, mas a toda a comunidade internacional. A Venezuela continuará a crescer com ou sem sanções”, disse.

Em outubro de 2023, o governo Biden suspendeu as amplas sanções económicas que atingiam as indústrias mineira e petrolífera da Venezuela, em apoio a um acordo alcançado em Barbados entre Maduro e a oposição para a realização de eleições livres em 2024. Mas o processo eleitoral ‘emperrou’ desde logo, com o regime a impedir o livre acesso da oposição às listas autónimas.

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