[weglot_switcher]

Plano de Costa Silva recebeu mais de mil contributos: “A política não pode ser feita só de rejeição, tem que ser feita de projetos”

O documento do gestor António Costa Silva recebeu 1.153 propostas de contributo no período de discussão pública, tendo dois terços dos contributos chegado de cidadãos e os restantes de instituições e organizações.
  • António Costa e Silva
15 Setembro 2020, 11h44

Turismo, comércio e serviços, petroquímica, mineração do mar e centrais de biomassas: são estes os temas das adendas após a análise dos contributos do debate político ao documento “Visão Estratégica para o Plano de Recuperação Económica de Portugal 2020/2030”. O documento do gestor António Costa Silva recebeu 1.153 propostas de contributo no período de discussão pública, que terminou em 21 de agosto, tendo dois terços dos contributos chegado de cidadãos e os restantes de instituições e organizações.

A maioria das propostas foi afeta aos eixos da qualificação, transição digital, ciência e tecnologia (187 propostas), seguida pelo eixo da coesão do território, agricultura e floresta (157 propostas) e eixo das infraestruturas (156 propostas), segundo a apresentação feita por António Costa Silva nesta terça-feira, na Gulbenkian, que contou com a presença do primeiro-ministro, António Costa, e do presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues.

O eixo da reindustrialização recebeu 122 propostas, o Estado Social recebeu 109 propostas, o setor da saúde 71 propostas, a cultura, serviços, turismo e comércio 62 propostas, enquanto a reconversão industrial recebeu 38 propostas e o novo paradigma para as cidades e mobilidade 33 propostas, enquanto a transição energética e eletrificação da economia 26 propostas.

“A reindustrialização está no foco do plano de recuperação económica, como está nos da União Europeia. Não vai diminuir os outros setores, antes pelo contrario, não tenho visão da economia que seja um jogo de soma nula”, vincou. “Há oportunidades extraordinárias que se pode criar para o país”, disse.

António Costa Silva, que defendeu que “a política não pode ser feita só de rejeição, tem que ser feita de projeto”, explicou que adenda ao documento sobre o cluster da petroquímica, química industrial e refinação, justificasse por representar 14% das exportações do país e “pode desempenhar um papel fundamental no desenvolvimento da biotecnologia”. Disse ainda ser necessário um aprofundamento do eixo da eficiência energética, apontando a importância de um plano para o aumento da eficiência energética nos edifícios, na indústria, no consumo privado e no comércio.

Os contributos permitiram ainda ao gestor integrar na versão final, que será amanhã aprovado em Conselho de Ministros, o tema da mineração do mar profundo, realçando a necessidade de aumentar o conhecimento de todos os ecossistemas e recursos disponíveis na ZEE, potenciação a exploração dos recursos marinhos, assim como o apoio transversal ao projeto de mapeamento dos fundos oceânicos, da marinha portuguesa.

Para o gestor, que ao longo da apresentou apelou a uma resposta que coloque “as pessoas no centro” da recuperação e sustentou que “não precisamos de um pais que assenta o seu modelo de desenvolvimento em baixos salários”, assinalou que o setor do turismo se sentiu pouco representado. Costa Silva sublinha que a pandemia “atingiu duramente o setor e as políticas públicas desenhadas para o apoiar devem ser reforçadas e alargadas”.

Considerando “a importância vital que o turismo tem”, o conselheiro alerta que o problema é “dependência excessiva de um único setor”, o que “dificulta ainda mais a vida económica de um país”.

“Precisamos de setor turístico forte, mas combinado com as áreas azuis. A riqueza de um país esta ligada à diversidade da sua economia, à capacidade de produzirem produtos de valor acrescentado”, disse.

Sobre o sector do comércio e serviço sumariou que o debate público “acentuou a necessidade de implementação de políticas públicas de apoio à digitalização do setor terciário, tendo em conta a maior complexidade dos processos, a necessidade de utilização dos dados para otimização de infra-estruturas ativas e do sistema de transportes”.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.