Os Estados Unidos estão longe do paradigma europeu no que diz respeito à protecção da privacidade dos cidadãos na era da internet e da importância dos dados pessoais. O palco Future Societes, na Web Summit, colocou frente a frente dois gurus da inovação tecnológica – um congressista de Silicon Valley e o presidente da Microsoft – que abordaram o complexo desafio sobre como devolver confiança à internet depois dos escândalos que, recentemente, têm sido manchetes dos jornais – do Cambridge Analytica à Google poder ler os nossos emails, e claro, sem esquecer a forma como as redes sociais influenciaram as eleições nos EUA ou no Brasil.
Ro Khana, congressista norte-americano, advogado e representante da Silicon Valley apresentou uma solução que marcou a audiência. “Precisamos de uma Carta de Direitos da Internet nos Estados Unidos”, declarou o político. Com isto, o objetivo seria o de fomentar “uma em torno da privacidade e da concorrência e não simplesmente delegar o assunto para a Europa e para o RGPD”, explicou Ro Khana.
“Neste momento, a Europa é responsável por 80% da do quadro legislativo nesta matéria porque os EUA não foram por esse caminho, não temos legislação federal sobre privacidade”, adiantou o congressista norte-americano.
“Essa legislação deveria prever os direitos de propriedade sobre informação ou consentimento sobre como a informação e recolhida ou para onde será transferida”, realçou.
Brad Smith, presidente da empresa mais valiosa do mundo, centrou a reposição da confiança na tecnologia na importância dos dados pessoais, pegadas digitais que as pessoas vão deixando na internet. “A inteligência artificial (IA) vai ser a invenção que vai alterar o funcionamento da economia nas próximas três décadas. E a informação é o combustível da IA e tornou-se no ativo mais valioso do planeta”, referiu o presidente da Microsoft.
A melhor forma para proteger os dados – e a nossa privacidade – é democratizando-os, para retirar poder a um conjunto de grandes empresas. “Creio que temos de fazer para os dados aquilo que open-source fez para o código (linguagem informática). Precisamos de um movimento de abertura de dados we necessitamos de políticas públicas para o facilitarem”, rematou.
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