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Protecionismo de Trump reforça expetativas de desvalorização do dólar

A tendência não é nova, mas os receios sobre uma guerra comercial global estão a aumentar a volatilidade no mercado cambial. Os analistas do ING apontam para que as medidas protecionistas unilaterais dos EUA pesem sobre o dólar.
27 Março 2018, 20h22

O protecionismo norte-americano, pautado pelo aumento das tarifas às importações mesmo que limitado a alguns país, poderá ter vários resultados para o comércio e economia mundiais. Para a moeda dos Estados Unidos é que o resultado será sempre o mesmo: um enfraquecimento do dólar, segundo os analistas do ING.

“Está provavelmente a ser difícil aos investidores conciliarem a ideia de um dólar norte-americano mais forte com o enfoque inflexível das administrações de Trump para enfrentar o défice comercial dos EUA – especialmente da maneira demasiado entusiasta que exige sucesso instantâneo”, explicam os analistas do ING, Viraj Patel e Raoul Leering, numa nota divulgada esta terça-feira.

O dólar norte-americano tem-se depreciado face às principais divisas mundiais, incluindo contra o euro, sendo que negociou esta terça-feira nos 1,240 dólares.

A tendência não é nova, mas os receios sobre uma guerra comercial global estão a aumentar a volatilidade no mercado cambial. Os Estados Unidos anunciaram na passada quinta-feira um pacote de tarifas às importações, especialmente direcionado para a China, que inclui produtos que vão além do aço e alumínio (inicialmente anunciados). No total, o valor poderá chegar aos 60 mil milhões de dólares e o impacto para as economias globais poderá ir muito além.

Segundo a ING, poderá haver duas consequências negativas para o dólar. Por um lado, a elevada incerteza poderá levar a que os ativos em dólar negoceiem com um desconto a médio prazo que compense esta parâmetro. Por outro, a adoção de medidas protecionistas sinaliza, implicitamente, que os EUA querem um dólar fraco.

“Se é o canal de expetativas que impulsiona os mercados de câmbio, a atual fraqueza do dólar é um sinal de que os investidores globais não estão convencidos de que as medidas protecionistas dos EUA serão bem-sucedidas no combate ao défice comercial dos EUA (e, portanto, impulsionando a atividade económica dos EUA)”, referem Patel e Leering.

A análise sublinha ainda “os défices comerciais estruturais não se resolvem da noite para o dia (ou mesmo durante um mandato presidencial)”.

“Assim, apesar do que os livros nos podem dizer sobre tarifas e taxas de câmbio, esperamos que medidas protecionistas unilaterais dos EUA pesem sobre o dólar – com os investidores globais a perderem confiança no regime económico dos EUA a expressar-se através de uma diversificação dos ativos norte-americanos”, acrescentaram.

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