[weglot_switcher]

Região assume competências que no resto do país são dos municípios, diz Miguel Silva Gouveia

Em entrevista ao Económico Madeira, Miguel Silva Gouveia, referiu os maiores problemas que tem sentido no executivo da Câmara Municipal do Funchal. O sucessor de Cafôfo diz que tem sido difícil implementar algumas medidas que no resto do país são competências das câmaras municipais, mas que na Madeira o Governo Regional chama a si.
19 Julho 2019, 07h45

O Presidente da Câmara Municipal do Funchal, Miguel Silva Gouveia, acredita que na Madeira o Governo Regional ultrapassa a autonomia dos municípios, afirmando haver uma fronteira difusa entre o fim das competências das autarquias e o início das da Região.

No seu entender porque é que não existe essa postura do Governo saber qual é o seu papel? Porque é que ainda existe essa fronteira difusa entre as competências do Governo e as competências da autarquia?

Basicamente porque o poder não se dá a ninguém. O poder tem de ser sempre conquistado, e o Governo Regional, estando numa posição em que tem a vantagem de ter o poder legislativo, assume como suas as competências que já vinha exercendo. Isto não foi agora que se começou, a diferença é que neste momento há pessoas nos municípios com capacidade de perceber quais são as suas competências. Basta ir ao que eu defendo sempre, a todos os níveis, seja entre autarcas, dirigentes, funcionários ou técnicos superiores: é importante percebermos a forma como os outros fazem e como encontram soluções para os mesmos problemas que nós temos. Vão lá fora, a Lisboa, Porto, Algarve, experimentem, falem com as pessoas, com os nossos colegas, os nossos homólogos, vejam quais são as soluções que encontraram, percebam quais foram as dificuldades que encontraram também na implementação de projetos, a todos os níveis e isso desde que cá chegamos tem sido promovido. Temos tido uma política de ‘networking’ de poder local, o que sempre que alguém vai a uma conferência e fala sobre determinados temas, quando regressa à Madeira já se questiona porque é que aqui não é feito da mesma forma. E quando vamos analisar à lei muitas vezes encontramos o tecido legislativo regional a assumir competências que no resto do país são dos municípios.

Acha que o municipalismo da Madeira começou a ganhar cada vez mais massa crítica que lhe permite questionar aquilo que tem sido a prática regional?

Sem dúvida. Sem qualquer dúvida. E até com a humildade que o municipalismo tem tido de colocar sempre as pessoas, independentemente da cor política, há municípios de todas as cores políticas, no topo das suas prioridades. Por exemplo: manuais escolares. No continente toda a gente recebe manuais escolares gratuitos, pelo menos no ensino básico, aqui na Madeira o Governo Regional assumiu que não daria manuais escolares. Apesar de essa ser uma competência do Governo, muitos municípios substituíram-se ao Governo Regional e estão neste momento a dar. O Funchal é um deles, utilizando recursos que são seus, são do município, apesar de o Governo Regional ter os mesmos recursos que tem a República. A República tem o IRS e o IVA, isso tudo, e os impostos pagos cá na Madeira ficam todos cá. Há essa capacidade de se perceber o que é que deveria ser feito por uns e por outros e quando não é feito, pelo menos termos dentro das nossas possibilidades ações que possam ao fim do dia colocar-nos a nós, os funchalenses, falo pelos funchalenses, como portugueses de primeira.

Leia a entrevista que saiu na edição de julho do Económico Madeira.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.