Que pode fazer Trump para não ser vítima do sistema chinês?
A administração Trump acredita que está a enfrentar uma batalha económica existencial com a China. Tem alguma razão: o modelo económico do capitalismo de Estado da China é um desafio direto à economia dos Estados Unidos, e o mínimo que se pode dizer é que não está a correr mal. O programa ‘Made in China 2025’ gizado pelo governo do presidente Xi Jinping, pretende liderar o comércio mundial e, de facto, representa uma ameaça para o futuro da economia dos Estados Unidos. Mas Trump pode fazer pouco, para além de se queixar que o problema foi permitir a entrada da China na OMC em 2001.
Qual é o verdadeiro problema de Trump?
Os défices. No ano passado, as exportações dos Estados Unidos para a China atingiram o recorde de 130,4 bilhões de dólares, mais 12,8% que em 2016 e quase sete vezes mais que o registado em 2001 (quando a China aderiu à OMC), mas o défice comercial com a China atingiu 375 bilhões de dólares.
O presidente dos Estados Unidos tem razão?
Não. A maioria dos economistas argumenta que a obsessão de Trump pelo défice não tem sentido: os défices bilaterais são consequência da política macroeconómica e não da política comercial. Em termos de valor agregado, o défice com a China é menor do que parece, já que as empresas norte-americanas coletam quase todos os seus lucros com os produtos que são montados em fábricas chinesas em todo o mundo. No entanto, Trump ignora esses argumentos e exige da China uma redução anual de 100 bilhões do défice comercial.
Quem vai ganhar as negociações?
Ninguém sabe. Até porque a delegação norte-americana que foi a Pequim estava dividida entre duas soluções quase antagónicas: o secretário de Comércio Wilbur Ross e Larry Kudlow, o novo chefe do Conselho Económico Nacional, pressionaram em favor de um acordo com a China para acalmar os mercados. Do outro lado, os defensores de uma batalha com Pequim a longo prazo são Lighthizer e Peter Navarro, consultor de negócios da Casa Branca. Dados os diferentes pontos de vista das duas partes, não parece provável que um acordo rápido seja alcançado – nem que haja intenção de fazê-lo, segundo alguns analistas.
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