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Respostas rápidas. Mais taxas e taxinhas na eletricidade: tarifa social ameaça ‘engordar’ fatura mensal

Os consumidores vão ter de voltar a fazer contas à vida no final deste mês perante a ameaça de mais uma taxa a pesar-lhes nos bolsos.
17 Abril 2024, 07h30

Afinal, o que é a tarifa social?

A tarifa social foi criada em 2016 pelo Governo PS e é um desconto de quase 34% sobre o preço mensal da eletricidade, excluindo taxas e impostos, para os consumidores economicamente vulneráveis. Esta tarifa também isenta o pagamento do imposto especial de consumo (IEC), e uma isenção parcial de 1,85 euros sobre a Contribuição para o Audiovisual (CAV) para alguns dos beneficiários. É atribuída automaticamente aos beneficiários de várias prestações sociais.

Quem é que pagava antes a tarifa social?

A tarifa social era paga antes pelas empresas produtores de eletricidade.  Em 2020, a EDP pediu uma análise sobre o mecanismo de financiamento da tarifa social então em vigor em Portugal. Passados dois anos, a EDP anunciou que a Comissão Europeia considerava que o modelo português tinha um carácter discriminatório.

Em outubro de 2023, o Governo de António Costa aprovou em Conselho de Ministro a alteração ao regime da tarifa social, passando a ser pago entre produtores e comercializadores de eletricidade.

Quanto é que começa a pesar na fatura?

A partir da fatura de abril, isto é, as faturas enviadas no final do mês já deverão repercutir esse valor, se for esse o caso (continuar a ler o texto).

Quanto vai custar?

Para este ano, a tarifa social vai ascender aos 151 milhões de euros: 136,5 milhões de euros referentes ao ano de 2024, mais 14 milhões referentes ao período entre 18 de novembro-31 de dezembro de 2023.

Quem vai pagar o quê?

Com as novas regras, os comercializadores de eletricidade ficam com uma fatia de 101 milhões para pagar e os produtores com uma fatura de 50 milhões, tendo em conta os valores de 2023 e 2024.

Quanto vai custar?

A tarifa social vai custar cerca de 2,9 euros/MWh em 2024 para os comercializadores. Se for repercutida totalmente na fatura, cada kilowatt/hora vai custar 0,0029 euros, isto é, quase 30 cêntimos por 100 kWh.

Trocando por miúdos, quando é que pode pesar na fatura mensal?

Usando os exemplos que a ERSE costuma usar:

– Consumidor 1 – Casal sem filhos (3,45 kVA) – 158 kWh de consumo mensal – 46 cêntimos/mês – 5,52 euros/ano

– Consumidor 2 – Casal com dois filhos (6,90 kVA) – 416 kWh por mês – 1,20 euros/mês – 14,5 euros/ano

– Consumidor 3 – Casal com quatro filhos (13,80 kVA) – 908 kWh por mês – 2,63 euros/mês – 31,6 euros/ano

As empresas podem passar este custo aos clientes?

Sim. Podem decidir passar o valor por inteiro, apenas uma parte, ou não passar nada. “Em relação ao impacto que o financiamento pelos comercializadores possa ter nos consumidores, tal dependerá do respetivo comercializador, nomeadamente da sua estratégica comercial. Efetivamente, fazendo parte da sua estrutura de custos, será decisão do comercializador qual a margem a repercutir aos seus clientes”, segundo a ERSE.

E o regulador?

A entidade liderada por Pedro Verdelho garante que vai permanecer vigilante. “Naturalmente, a ERSE manterá a sua atividade de monitorização dos preços das ofertas disponibilizadas aos clientes, assim como dos preços praticados pelos comercializadores”.

O Governo já reagiu?

Sim. A nova ministra do Ambiente e da Energia disse que “vai analisar com o regulador” esta questão para “ver o impacto que vai ter”.

“É uma questão muito importante [porque] nós temos de apoiar os consumidores vulneráveis, mas também temos de ter atenção […] de não afetarmos demasiado todos os outros no preço que pagam, no preço da tarifa, portanto, é algo que vou analisar com muita atenção”, disse Maria da Graça Carvalho na terça-feira, citada pela “Lusa”.

Houve mais reações?

Sim. O Bloco de Esquerda defendeu um regresso ao anterior mecanismo que partiu de  uma proposta sua em 2016: “O que propomos é que se volte ao modelo anterior, quando o BE automatizou a tarifa social da energia: que sejam empresas milionárias como a EDP, as elétricas, a pagar a tarifa social da energia e não o comum dos consumidores de eletricidade, ou, como algumas vozes à direita já sugeriram, que seja o orçamento geral do Estado a suportar isto. Isso é completamente errado, devem ser as elétricas a pagar”, defendeu o líder parlamentar do BE, Fabian Figueiredo, citado pela “Lusa”.

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