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Semapa. Pequenos acionistas dizem que oferta da família Queiroz Pereira “tem de subir substancialmente”

“Sem um aumento substancial do valor oferecido, estamos perante uma perda por parte dos pequenos acionistas detentores de participações inferiores a 2%”, conclui a Maxyield depois de a Sodim ter aumentado o preço da oferta.
7 Abril 2021, 10h17

O Clube dos Pequenos Acionistas (Maxyield) considera que a oferta apresentada pela Sodim, da família Queiroz Pereira, “tem de subir substancialmente”.

“O novo preço continua a ser significativamente baixo e corresponde a um aumento de 2,3% relativamente ao valor da Oferta inicial”, diz a Maxyield em comunicado divulgado esta quarta-feira.

A Sodim subiu na terça-feira o preço de oferta da OPA dos 11,40 euros para os 12,17 euros.

A Maxyield recomenda aos seus associados a não venderem as suas ações nas atuais condições da oferta.

“Sem um aumento substancial do valor oferecido, estamos perante uma significativa perda de valor dos seus investimentos”, e de uma “perda por parte dos pequenos acionistas detentores de participações inferiores a 2%”.

Ao mesmo tempo, “também implicará para acionistas terceiros com participações qualificadas, uma perda de valor do seu investimento”.

A Maxyield defende assim que a “família Queiroz Pereira deve ajustar as condições da OPA ao valor real dos ativos detidos pela SEMAPA (Navigator, SECIL e ETSA), tendo como referência a média dos price target`s dos últimos 6 meses”.

A Sodim subiu na terça-feira o preço de oferta da OPA sobre a Semapa dos 11,40 euros para os 12,17 euros.

Analisando a oferta, os pequenos investidores apontam que a contrapartida real da nova oferta é de 11,66 euros, e não de 12,17 euros, porque deve ser “deduzido o valor do dividendo proposto”. Esta dedução será feita se o “pagamento ocorrer antes da liquidação financeira da oferta”.

Este negócio avalia a Semapa em 948 milhões de euros (81,3 milhões de ações vezes 11,66 euros cada), nas contas da Maxyield. A empresa controla 70% da Navigator, cuja participação tem o valor de 1.400 milhões de euros.

“É evidente a subavaliação do valor de mercado feita pela Sodim à Semapa, sendo que o consenso dos analistas apresenta um preço-alvo de 17,3 euros que corresponde a 1.406 milhões de euros”, com a média dos preços alvo a “encontrarem-se 48% acima do novo valor oferecido pela família Queiroz Pereira”, segundo a Maxyield.

Ao mesmo tempo, os pequenos investidores que o “novo valor proposto pela Semapa é muito inferior ao justo valor dos investimentos na Navigator, na Secil e na ETSA, as suas subsidiárias nos negócios da pasta e do papel, do cimento e do ambiente”.

A Maxyield recorda que em 2015 a família Queiroz Pereira apresentou outra oferta. “Em 2015 apresentou uma oferta pública de troca de 1 ação da Semapa por 3,4 ações da ex-Potucel, sendo que a pretensão mínima de 90% dos direitos de voto da Semapa ficou muito longe de ser atingida, para posterior alienação obrigatória das posições dos acionistas remanescentes e exclusão da negociação em mercado regulamentado.

“Passados 6 anos o filme parece repetir-se, com a família Queiroz Pereira a cometer um erro trágico, que vai afetar gravemente as suas relações com o mercado de capitais”, destaca.

O Clube dos Pequenos Acionistas também aponta que a “política de distribuição de dividendos da Semapa tem sido madrasta para os pequenos acionistas e pequenas participações qualificadas”.

Em 2021, a Navigator vai pagar 0,14 euros por ação, num total de 99,6 milhões de euros, um payout de 91,2%.

Já a Semapa vai pagar 0,512 euros por ação, um total de 40,9 milhões de euros, num payout de 38,3%.

“A Semapa vai receber da Navigator 69,7 milhões de euros cujo valor deve ser acrescido da remuneração acionista das associadas SECIL e ETSA”, analisa a Mayield.

Desta forma, a “Semapa paga aos seus acionistas significativamente menos do que recebe dos seus investimentos financeiros”.

Em 2020, a Semapa “distribuiu apenas 10 milhões de euros”, face ao lucro de 124 milhões de euros.

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